O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sábado, 2 de janeiro de 2010

Houvesse uma grávida que parisse um mundo novo e inteiro
Ou um anão que cuspisse uma bola de fogo
E dela saísse Homens do mesmo tamanho
Se possível com uma flor no cabelo
O amor com um lustro de saliva
Uma transparência igual à do rio Homem
Que é perpendicular ao meu corpo mal refinado

E um apostador que ao ler um poema dissesse: chega!
Acabavam-se os falsos engenhos e as gaivotas feridas
E os dias ganhariam tantas raízes comuns
Tantas luzes de aniquilar Gigantes
Que ao amor era-lhe impossível não dar frutos
Não dar homens rectos e tochamente iluminados
Em vez de cabeças espetadas na ponta de um ceptro

6 comentários:

platero disse...

Não adianta que se saiba
mas
gostei

abraço

Paulo Borges disse...

Caro Flávio, gosto mesmo muito da sua poesia!

Abraço

Anónimo disse...

Acho que já tive oportunidade de o dizer, mas reafirmo: gosto tanto da poesia do Flávio!

Muito sugestiva, muito rica em imagens... nada mais digo. Releio.

Um ano cheio de poemas, Flávio.

João de Castro Nunes disse...

Magistra dixit. Que mais é preciso? JCN

Anónimo disse...

JCN! JCN!

Não me provoque!

João de Castro Nunes disse...

Acha-me capaz disso? Nunca fui tão sincero... em toda a minha vida. Pode acreditar. Se eu não era fã do Flávio, passei a sê-lo. JCN