O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Eu sei que o poeta sobe à luz de vinte em vinte anos
e nesse longuíssimo instante trabalha a pérola da libertação
como um monge atento ao crescimento de uma montanha

Eu sei que o poema floresce como as unhas das Grandes Noites
onde o talento de olhar o céu traz à terra filhos luminosos

Eu sei que o poeta tem um anel e um relógio
para o caso de lhe falhar o instinto
fuma um cigarro às altas horas,
olha a lua em absoluta abstinência,
dá aos braços e voa para um sei lá a perder de vista
para que o poema brilhe na noite como uma rosa branca!

2 comentários:

Anónimo disse...

Discordâncias

O poeta desce bem acima dos outros,
por isso os vê.
O poeta é um defeito, uma deformação, um ser que sobrou
Como um apêndice que ninguém percebe porque existe.

Os poemas não florescem,
vomitam-se e são podres
E é preciso escrevê-los quimioterapeuticamente.

O poeta é uma alma abortada,
Alguém que não chegou a nascer
que caminha no aro de um relógio avariado
Um zombie sem pressa...

Nunca lhe falta o instinto porque é um animal de lua cheia
E só brilha quando o fumam
Até se perder de vista…

platero disse...

mesmo que não comente, continuo a gostar

abraço