O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

حاجب العين - sobrancelha


11 comentários:

Anaedera disse...

Linda paisagem, linda foto. E o título?

rmf disse...

sobrancelha...

Obrigado, Anaedera.

Abraço

Anaedera disse...

Como que a visão da própria terra.
Delicado e bonito.
Abraço

João de Castro Nunes disse...

Sânscrito ou árabe? JCN

Anónimo disse...

Ainda que a minha boca estivesse cosida ao silêncio, não poderia deixar de olhar nos olhos a sonrancelha deste olhar. E num olhar assim, querer adormecer... ou morrer.

Linda, linda, Rui.
Que Saudades tinha já de si e das suas belas fotografias e "falas", "Poeta da Montanha"!

Abraço de Saudade!

Anónimo disse...

Ressalvo, evidentemente, a palavra "sobrancelha", não a estranha palavra que lá está.

rmf disse...

...Árabe...

Saudades, um abraço fraterno, muito obrigado.

João de Castro Nunes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
João de Castro Nunes disse...

Tenho mais do que fazer
para aturar as serpentes:
espero não vir a ter
efeitos maus dos seus dentes!

JOÃO DE CASTRO NUNES

rmf disse...

Caro João, …Árabe… (uma resposta sucinta a uma também curta e objectiva pergunta, legível, clara, lacónica) no entanto, muito provavelmente mal-interpretadamente falando parece-me desenquadradíssima a quadra que aqui oferta, desabafo em rima peremptório de algum contínuo mau estar que possa sentir ao visitar um espaço que mais não é do que um pleno local partilhado por todos os demais que ilustram o insituado algures entre imagens e pensamentos, por dentro e no fora deles, e por isso, perdidos e achados ao rés do limiar dos espaços na mesma infinitude. Enquadrado no que pretende e reafirma digo, respeitosamente, não são estes os meus dentes, são as pobres palavras do humilde trabalho que entre pares para todo-o-mundo e a si dedico no que demais belo o translado aclama. É esta uma janela própria em que se permeia e se transduz no imago brilho em ser-se ninguém a ampla extensão das expressões. Retirando o caixilho em que emoldura o que afigura rogo-lhe para que assista, e advogue, à luz do trabalho do próximo vendo-o e tendo-o como seu, bom ou qualitativamente inexpressivo, o peso das horas a fio sem noção do gotejar entre os intervalos do tempo para um despojamento da criação, uma dilecção ao sentido, para que os restos fátuos da arte em cada um se quedem propriedade perdida.

De uma outra forma, libertar-me-ia... faz-me ideia uma ausência, e continuo, incluso o me e o em si sem saber o por quê.

Creio abraçá-lo,
e de olhar fito e aberto no seu, extremo-lhe a atenção, e envio, à proximidade em que se dista o vocábulo, a mais profunda saudação!

O abraço.

João de Castro Nunes disse...

Versão melhorada:

Eu tenho mais que fazer
do que aturar as serpentes:
nada me obriga a sofrer
a peçonha dos seus dentes!

JCN