O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sábado, 7 de novembro de 2009

numa tarde, amanhecia

Às vezes a realidade é um cenário

Vibra com as emanações do íntimo

Até as pedras assumem um semblante

Cheio de sentimento e contrário

À ideia que formamos de que as pedras

Estão petrificadas para sempre

O amor transfigura tudo

Talvez por não ser mais que o nosso estado primitivo

Nada surge separado

É umbilical a distância que une todas as coisas

É abissal a treva de termos nascido

O encontro nada mais é do que abrirmos os olhos

E vermos que sempre estivemos no terreiro da infância

Sempre fomos em unidade e afastamento

Porque o universo está em expansão

Mesmo do lado de dentro

Mesmo que nos consideremos pequenos

Na ínfima majestade que o infinito em nós assume

Por isso uma a vida alada se resume

A pouco mais que um momento de contemplação

Lume breve sopro sem de onde

Festiva excedência

4 comentários:

João de Castro Nunes disse...

Nem poeticamente falando...
é possível amanhecer de tarde! JCN

Flávio Lopes da Silva disse...

às vezes, também fico assim.
abraço

Paulo Borges disse...

O mundo é a festa da vacuidade.

Semente disse...

Neste lugar,
tudo é possível!
Sim, Paulo. Eu sei que é*