O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Aviso

Os seres humanos vêm ao mundo e são recebidos por cangalheiros que os desumanizam, embrutecem e instalam neles o software da cultura inculta. Mas os humanos começam a querer falar e andar, logo após essas manifestações de opinião os cangalheiros entopem-nos e abafam-nos através de instituições que dizem ser, os pilares da sociedade. É proibido ser-se uma pessoa de bem e é punido esse crime com a exclusão social. Qual implantação da republica qual quê? Qual monarquia? O mundo não passa de um manicómio em transgressão. Os seres humanos são efémeros, estão mortos, nunca conheceram a vida. E são punidos se a tentam espreitar. Sei do que falo porque estou vivo e olho para o vosso cemitério e vejo os monumentos que vocês levantam todos os dias, essas torres de babel que não chegam a tocar a vida.

2 comentários:

Paulo Borges disse...

Reproduzo o comentário que lhe deixei noutro lado:

Felicito-o efusivamente pela lucidez deste texto, bem apropriado ao dia de hoje: dos Finados que a maioria de nós somos.

Só diria que este manicómio, infelizmente, não abunda em transgressão. Pelo contrário, nele prima a normalidade. Cuja ruptura é a tarefa de todo o homem que queira despertar.

Saudações

Luiz Pires dos Reys disse...

Mais um que, apesar de ter "descoberto" que a "descoberta da pólvora" não nos serviu para o essencial (fazer-nos mais humanos, isto é, mais inumanos ou divinos), vem agora com o tom nada peregrino, de quem tem dois olhos em terra de monoculares.

Essa do "Sei do que falo" é exactamente a cantinela desses que, de modos e por formas os mais diversos e inesperados, controlam ou tudo fazem por condicionar e controlar os processos da vida das pessoas e da livre expressão dela: exactamente aquilo que aqui mesmissimamente se veio fazer.

Isto, ainda que com a melhor das intenções. Mas o macaco da anedota também as tinha muito boas, e porém... viu-se o que fez à pobre e desavisada senhora sua mãe... Pois.

Resumindo, isto em nada muda nada do essencial: cai-se no mesmo erro, só que às avessas do avesso em que estamos hoje..
Ora, avesso do avesso não é direito - é dessavesso.

Fica o estardalhaço. Já é alguma coisa.