O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quarta-feira, 9 de setembro de 2009

sobre a invenção da bicicleta


tudo bem.
só que bicicleta não se inventa.
como não se inventam nuvens
nem pássaros
nem árvores

bicicleta
nuvens
árvores
pássaros
são criação dos deuses

toda a sua matéria é chuva
é sol
é ar

33 comentários:

Luiz Pires dos Reys disse...

A bicicleta é, de algum modo, um oito deitado que se locomove a pedal. O que é como quem diz: um infinito à medida do pé do homem a pedalar caminhos e descaminhos, pelos universos sequenciais ... ou paralelos.

Pneus e rodas dentadas, raios e correias, câmara de ar e ar dos pulmões, equilíbrio para andar e desequilíbrio para curvar, sincronia no pedalar, des-sincronia para parar - até parece que estou a falar dum meio de transporte, mas não: estou a falar dum modo de ser - o transporte do que do ser em nós é "transportável".

Aliás, a bicicleta devia é chamar-se octomotiva ou ... infinitocleta.

Estudo Geral disse...

Deus criou o homem e o homem criou a bicicleta. Pode ser? Ou será que fomos nós que criámos os homens quando éramos deuses e já se esquecemos da receita?

Eu gostei de ler o seu poema.

platero disse...

Damien

câmara-de-ar e pulmões---
há um poema lindo de H.Hélder
sobre o poeta que pedala.
Que não é coisa assim tão linear quanto isso.

Luis Santos
não totalmente de acordo:
a Bicicleta é que criou o homem.
Melhor - o puto, com os joelhos escalavrados e arranhões por tudo quanto é carne

baal disse...

a bicicleta é ferro, borracha(borracho é difícil de conduzir), mas em portugal também foi luta dos clandestinos, que nela se deslocavam por lugaree ermos a proclamar a revolução. foi igualmente ascensão social, para alguns, da 'trotinete' à 'biciclete' e aquela nota escolar terrível, enfim...que se saiba os deuses eram astronautas, não eram ciclistas.
bom poema (quase almada).

Anónimo disse...

Platero,
Gostei do poema. Bastante.
Sobretudo quando fazes a transposição do sentido entre o que é paisagem e o que ó corpo físico de condutor e bicicleta, fazendo ambos parte da realidade, como em Caeiro.
O corpo recebe da paisagem "chuva, ar, sol, ar..." que, a certa altura, se já não sabe muito bem quem pedala quem, ou seja: se é abicicleta que leva o condutor ou o contrário, se é a paisagem tão real, quanto a "bicicleta", a "árvore"... enfim!
conteúdo e continente de alguma alguma forma misturado, no texto, na ideia. Por isso resultou. Por isso o poema é belo e verdadeiro.

Eu sei como tu gostavas (gostas?) de andar de bicicleta.

Um beijo Irmão.

João de Castro Nunes disse...

Por favor... não degradem a Poesia! JCN

João de Castro Nunes disse...

Foge, Almada, que te quetrem impingir gato por lebre! JCN

João de Castro Nunes disse...

Corrijo a gralha "quetrem" por "querem". Desculpem. JCN

João de Castro Nunes disse...

No que se perde... o tempo, à roda das bicicletas! JCN

Luiz Pires dos Reys disse...

Por favor, não "degradem" os posts com telegramas, erratas e corrigendas!!! (risos)


P.S.1
Baal, "quase almada"?
Está a atravessar para a "outra margem"?
Almada ou... Paramita?
Just curious!...

P.S.2
Obrigado, Setôra SF!
Mas esqueceu-se talvez de falar no chapelinho...
Então, está distraída? Quem anda de bicla deve usar barrete, de aba larga (como o seu) ou mais tipo boné NYC, ou coisa assim...
Os ozonoburacóides não estão para se brincar...

Ademais:

"é chuva
é sol
é ar"

Pronto!
Já perdi o meu tempo de antena de desperdício, de hoje.
Até amanhã!

Anónimo disse...

Meu Deus!!!

afhahqh disse...

Toda a nossa matéria é chuva.

Anónimo disse...

Sem dúvida, parasensorial!

"Toda a nossa matéria é chuva" é o que te digo!... e acho que não só (risos!)



Um abraço

afhahqh disse...

Abraços :)

afhahqh disse...

Tu tens um dom Platero... Não é preciso ler quem escreveu o post que sabemos que é teu... Bem hajas pela tua simplicidade e simples acutilância muitas vezes non-sense. Salvé!

Anónimo disse...

Desculpa? Não percebo? Tenho o quê?
Hum??


Este blogue esteve sereno: uma hora... duas horas...enfim! (risos)
Esta Serpente, é de facto um caminho de loucos, desses por onde gosto de andar!
(um sorriso, para.sensorial)

Apesar de continuar sem perceber, o que se passa, mas hoje é 09-09-09, enfim! Tudo é possível!

Um abraço!

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
João de Castro Nunes disse...

Que falta de "categoria", senhor DAMIEN! Tenho pena... de vossemecê não estar ao meu nível. Sempre era... outra coisa! Cresça... e apareça. JCN

Anónimo disse...

Não!!! Outra vez. NÂO!!!

Uf! que o raio disto (o da Serpente, claro!, não o da bicicleta, o raio disto é cíclico!!

Digo eu! Mas acho que como fui eu que disse: É mentira! É sempre o mesmo! Bolas!!!

Que vá prender Cavaquinho, ó violino!

Isso mesmo! "Que falta de nível!" Senhor Damien!

Não se meta comigo! JCN!

Paulo Borges disse...

Estou muito feliz a ler-vos, queridos Amigos!

Luiz Pires dos Reys disse...

Senhor de Castro Nunes,
informa-me alguém (amigo, presume-se) que o "nível" de vosselência não está ao meu "desnível".

Será isto de amigo? Ou...?
Dou-lhe, galhardamente, a vantagem do ambíguo de tal escolha.

Pela escolha, aferirei de seu escol.

Anónimo disse...

Estás mesmo, Paulo?

Então por que razão as pessoas confundem "infinitos" com rodas de boracha"; Serpentes com pulmões, quando afinal também se pode voar na "nossa bicicleta"! (risos...)

Uma coisa eu fico um pouco surpresa,e mesmo apreensiva. Como é que se pode entender que um comentário dirigido a uma pessoa especificamente, possa ser entendido comos se fosse para outrém? E desse comentário resulte uma ofensiva ironia que me coloca numa situação de, depois de ser "chamada" por essa pessoa (post...)me considerar excluída do diálogo por ser atrasada mental, ou algo pior!

Não parece que me seja benéfico continuar a colaborar na Serpente nestas circunstâncias.


A Serpente enlouquece as pessoas??
Não voam o suficiente nas suas bicicletas?

Há-de haver razões para se ser "dom(no) dos cometários.

Magnânime no seu julgamento e juízo!!!

Estamos aqui para comentar e postar em liberdade ou somos uma outra coisa, uma espécie de "seita" desculpem o termo onde é possível ofender quem comenta impunemente!

Francamente! Não tenho qualquer apego ao eu ou à personalidade, ou a outra coisa, mas a dignidade! Por favor!!!

Grata por tudo!
Gostei de aqui colaborar. Diverti-me muito, também!...Aprendi, muito, não ensinei nada que nada tenho para ensinar!

Recebe, Paulo, o meu mais sentido sinal de grande fraternidade.

João de Castro Nunes disse...

Senhor DAMIEN: pelo meu "nível" respondo eu; pelo seu "desnível"... responderá vossemecê! JCN

Luiz Pires dos Reys disse...

Se ofendi Saudades (se bem que não vislumbro em quê!) aqui lhe peço, obviamente, perdão.

As palavras, as mais das vezes, traem o sentido do que dizem(os) e, em muitas também, traem-se-nos no que nelas intentamos dizer: não mais, não menos.

Quiçá, o costumar passear-me pelo fio da lâmina da linguagem extrema-me no excessivo excesso do dizer e querer dizer: de péssima maneira, ou da pior.

Luiz Pires dos Reys disse...

Quanto ao nível e desnível.Pelos vistos, ficou-se (fiquei?) no da idade da bicicleta. Ou do rasteiro da estrada estreita. Lamento, por tudo quanto nisso me caiba.

De facto (voltando a Platero), a "bicicleta não se inventa", pois, tal como já aqui foi salientado:

"toda a sua matéria é chuva,
é sol,
é ar"

platero disse...

oLivroMorreu:

fico feliz por que reconheçam
a minha voz
como em manhã de névoa
o som da campainha
da minha bicicleta

baal disse...

com essa do paramita fiquei desalmado (ignorância própria), de
qualquer forma quando era adolescente lia poesia e achava piada ao almada, agora acho piada às deusas, e porque não? e vou caminhando, a única chatice é que voltei ao trabalho, eu que depois da poesia li um livro interessante 'o direito à preguiça', do pierre lafargue (?).

baal disse...

já agora era uma piada, borracha =vaso de couro bojudo, com bocal, para conter vinho.
isto não é uma corrigenda sou de setúbal, de um bairro de pescadores e raramente acerto nos res, rés,eres?

Paulo Borges disse...

Saudades, eu não consigo ler tudo o que se escreve aqui, mas pareceu-me que a Serpente estava com nova vida e fôlego, com a sua loucura habitual... Sinceramente, não percebo o que a ofendeu tanto e a fez mudar subitamente de humor.

Peço entretanto ao Dr. João de Castro Nunes que modere os seus ataques constantes ao que os outros escrevem.

Anónimo disse...

Aprendemos todos (a vida no-lo ensina) que nada é definitivo: tudo o que é do mundo é mutável e ainda bem que assim é. Entendo eu ser mais salutar para mim estar fora da Serpente, pelo menos pelo tempo que considerar benéfico. Espero apenas, se quiser voltar, que me aceitem tal como o Paulo sempre teve a amabilidade e educação de o fazer, no respeito pela centelha individual do sopro divino que a todos e a tudo perpassa, e de cada um faz o Um e o Todo de Tudo, como sempre foi traço que caracterizou a sua conduta: na aceitação, no respeito e na liberdade de opinião de cada Ser.
Nova vida e novo fôlego é, sim, o que vejo na Serpente!
Nada peça a ninguém para moderar seja o que for. Cada um, penso, saberá ser responsável pelo que escreve e pelo que é.


Sem mais, Saudações Serpentinas para todos.

Para o Paulo, a minha Amizade e a minha Gratidão. Sempre.

João de Castro Nunes disse...

Haja reciprocidade... na moderação! Quem ventos espalha... colhe vendavais. Não façam de mim... o pano vermelho! JCN

platero disse...

Saudades

a invenção da ingénua bicicleta na origem desta tempestade de palavras?

Queres que me arrependa para sempre de ter parcado a bicicleta à sombra da Serpente?

se estás bem com o Paulo, ao lado de quem mais te interessa pedalar?

aproveita, que a estrada vai descer

platero disse...

velhinha quadra
de presente para
SAUDADES:

lança-se à Quadra o poeta
sem preconceito de imagem
quando monta a bicicleta
todo o passeio é paisagem

beijinho