"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".
"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"
- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente
Saúde, Irmãos ! É a Hora !
2 comentários:
"és sempre outro.
(...)és sempre o mesmo."
"(...)tens um medo:
Acabar."
O medo é-o sempre de alguma perda: de si, de outrem, ou de algo.
Quando, no laminar imo de nós (que nos está também na flor da pele), compreendemos - num sentir que é um ver que é um saber - que nada há a perder senão o que nos perde - então, o medo fica-se-nos com medo de ter medo e deixa de ter medo até do ter medo de ter medo.
Aí, creio, a eternidade entra por nós adentro.
(Obrigado, Laura, pela sempre enorme Cecília)
Aí está a mesma ascese do poema do Ramos Rosa, mais acima. Muito bem lembrada, esta grande poetisa que era também uma grande mística, para além de uma grande mulher.
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