O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quinta-feira, 10 de setembro de 2009

breve Lenda do Vento e da Lua


conta a lenda que há muito, muito tempo, nos primórdios da criação, lua e vento se apaixonaram em dança de fluido amor.
as estrelas, pelo que dizem, são fruto de uma explosão natural e espontânea que traduz o brilho, a luz das vezes que os seus progenitores se amaram (quase tão infinitas...) ...
e as crateras da lua? são beijos soprados, carícias tatuadas, a presença (e)terna de vento na lua.
eu acredito na lenda... e tu?

12 comentários:

guvidu disse...

momento único escrever ao som de uma guitarra portuguesa e de nick cave... :)
(foto Frag.)

afhahqh disse...

Eu acredito que é de facto assim amor. Bj carinhoso em ti.

João de Castro Nunes disse...

Acredito piamente e, "se a tanto me ajudar o engenho e arte", vou tentar reduzir o tema à mágica forma de um soneto, a minha predilecta forma de expressão poética. "Pode escrever"! JCN

Estudo Geral disse...

Muito bonita a lenda. Uma história de amor entre o vento e a lua, com estrelas saídas do seu suposto ventre, logo nos trazem à ideia o estonteante mistério da vida. E depois o romance está cheinho de palavras postas no lugar certo. Beijos e carícias eternas numa dança de fluido amor, é mesmo Amor.

guvidu disse...

livro, adoro-te!
és vento em mim ;)
*
JCN, será uma honra ler tal soneto, mt obrgda e aguardando ansiosamente. :)
*
Luís, é mesmo uma história de Amor...obrigada :)


baba nam kevalam

platero disse...

Bom regresso às lides
após férias seguramente férteis em motivos de inspiração.

é bom voltar a vê-la entre as sinuosidades do rasto da serpente-
Beijinho

Paulo Feitais disse...

a melhor forma de sermos sem disfarce é deixarmos que a vida seja lenda e poesia sem obscurecimentos. Claro que acredito! :)

guvidu disse...

amigo Platero, já lhe tinha deixado um bj na sua última rosa ;)

*

grande verdade, Paulo. essa história da lenda faz-me lembrar o que li num livro de Paulo Coelho, já não sei se foi no zahir mas q foca essa questão de sermos lenda e história pessoal...

João de Castro Nunes disse...

Como o prometido é devido, aqui vai a primeira quadra do soneto:

Como se conta em certa lenda, o vento,
soprando sobre a lua, a fecundou
e deste modo foi que ela gerou
quantas estrelas há no firmamento.

JCN





e no seu ventre maternal gerou
quantas estrelas há no firmamento.

JCN

João de Castro Nunes disse...

A segunda versão, erradamente introduzida, é para eliminar. JCN

João de Castro Nunes disse...

Aí vai, completo, o soneto para frAgMentus:

A LENDA DOS AMORES DO VENTO E DA LUA

Como se conta em certa lenda, o vento,
soprando sobre a lua, a fecundou
e deste modo foi que ela gerou
quantas estrelad há no firmamento.

O vento, uma por uma, as dispersou
e cada qual, entrando em movimento,
o seu lugar nas trevas ocupou,
mantendo o necessário afastamento.

Cada carícia pelo vento dada
à lua, sua amante, anos a fio,
por um vulcão ficou documentaada.

Por isso a lua tem tantas crateras
à superfície do seu corpo em cio
desde essas longas e distaqntes eras!

JOÃO DE CASTRO NUNES

guvidu disse...

ficou mt bonito, JCN :)

agradeço a honra e elogio-lhe na arte de poetar sob a forma de soneto.

um sorriso de luz e paz