O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


segunda-feira, 7 de setembro de 2009

FUTURO... OU RECOMEÇO?

(Ode pascoaliana)

Morrer é retornar: é simplesmente
despir a pele em que nos envolvemos
como de quando em vez faz a serpente
segundo impulsos que desconhecemos.

Morrer é renascer: voltar a ver,
em nova aurora, a luz primordial,
para de facto nunca mais sofrer
a constrição de uma prisão carnal.

Morrer é regressar ao paraíso
que foi nossa matriz... sem prejuízo
da nossa própria e humana identidade.

Morrer é, com saudades do futuro,
ao começo tornar, transpondo o muro
que nos impede o acesso à eternidade!

JOÃO DE CASTRO NUNES

2 comentários:

Rasputine disse...

O muro é que é a eternidade.

João de Castro Nunes disse...

Antes fosse! Poupava-nos o trabalho de o... transpor! JCN