O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


segunda-feira, 14 de setembro de 2009

alcácer do sal

2 comentários:

Luiz Pires dos Reys disse...

Tende a simetria a convencer-nos de que algo seríamos como um pórtico de em tudo assemelhadas colunas que se equivalem no suster do que seja frontão em nós.

Ora, o facto é que a verdadeira im-perfeição é a simetria, quando exacta e impecavelmente rigorosa, e não o sempre quase do irrigor de termos dois hemisférios de ser: completando-se, e não reflectindo-se.

Assim se passa com tudo, porém. Melhor apreciamos as complementaridades do que as réplicas.

Há, porém, um caso (e um único, creio) em que a quase, quase exactidão do reflexo nos compraz e repousa sem dúvida ou cogitação: no liso espelho de água dum lago ou dum oceano.

Talvez porque isso nos transporte para algum saudoso remanso que a ondulação incerta ou os mais agitados turbilhões do viver nos rarissimamente oferenda ou devolve.

Paulo Borges disse...

Bela imagem e belo comentário.