O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


terça-feira, 15 de setembro de 2009

Adeus Flor do Verão e Borboleta de Saudades...




(Para todos os Serpentinos, uma flor de...Saudades e o agradecimento por "não existirem"... como eu...)

Sem bússola naveguei no Verão dos olhos
Olhei o sol de frente e fiz-me sem sombra,
nítida como a flor do Além-Tejo, sem recorte
apesar de recortada, como se aparas de um lápis colorido,
a flor desenhasse a flor amarela do sol e a semente da Aurora.

A borboleta que pende no aprisionar solto
da face e dos cabelos, é ainda a luz que nos promete
a Realidade de um mar maior que o branco dos olhos
Imenso! Como a natureza e a religião sem janelas
vista na inocência de um primeiro olhar, olhar sem sombra...

Como um sol poente em África, engolido pelo mar
Esse gigante azul surpreendido de ver morrer em seu azul
o fogo solar, agradece essa cor, essa carícia funda
esse afundar em esphera: desenho do rosto frio da terra
que, de girar, mostra a outra face em que devolve,

mais puros ainda, os raios de outono, sobre o céu da vide...
para quando o mosto em que se tornou o verão,
retornar-se em ébrios raios, em novas cores do Mesmo
a tingir os lírios e as plantas do chá; a pensar as janelas
onde debruçar-se para o mais que vasto campo verde dos Jardins...


2 comentários:

Anónimo disse...

Desculpem o post ocupar mais espaço do que pensei... as fotos deviam ser mais pequeninas...mas, como toda as "crianças" às vezes gostamos de exagerar!
Fica para um próximo, quando se puder "emendar a mão"... "virar a folha"(?)

Bjos a todos.

platero disse...

MIUDA

as fotos são bonitas
e grandes - próprias de quem comprou a máquina há instantes.

O poema ocupa o espaço de tudo quanto é belo. Nem cabe num retrato.
Muito menos quando se colhe de um malmequer aberto
a imagem de se aparar um lápis.

mais do que os retratos
vale o poema a máquina

invejo