quinta-feira, 30 de abril de 2009
Os deuses
Os deuses são felizes.
Vivem a vida calma das raízes.
Seus desejos o Fado não oprime,
Ou, oprimindo, redime
Com a vida imortal.
Não há
Sombras ou outros que os contristem.
E, além disto, não existem...
Fernando Pessoa, 1920
Vivem a vida calma das raízes.
Seus desejos o Fado não oprime,
Ou, oprimindo, redime
Com a vida imortal.
Não há
Sombras ou outros que os contristem.
E, além disto, não existem...
Fernando Pessoa, 1920
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9 comentários:
Pois fico também feliz que assim seja, Kunzang Dorge.
Um abraço de Saudades
Infelizmente existem, ilusoriamente, como tudo o mais que julga existir na sua ficção de id-entidade separada. Infelizmente também sofrem, quando a sua ilusão de imortalidade chega ao fim e despertam morrendo e metamorfoseando-se em mundos inferiores. Infelizmente também são oprimidos pelo Fado, pelo fadar-se a ser isto ou aquilo, como todos os seres iludidos e ilusórios.
E se estes deuses não fossem os deuses do mundo dos deuses, mundo ilusório e causador de dukha, mas sim os santos, os iluminados, os despertos, livres do Fado e da existência, imortais porque mortos no mundo das aparêcias?
E se estes deuses fossem simplesmente criaturas que deixaram de o ser por terem des-coberto (de todos os véus) a sua natureza primordial?
É uma perspectiva nova e possível, caro amigo, embora não me pareça que seja desses "deuses" que fala Pessoa. Apesar de compreender o que quer dizer, também não sei se em rigor podemos considerar os despertos "mortos no mundo das aparências", precisamente porque para eles já não há aparências e tudo, incluindo eles mesmos, são sagradas aparições, mesmo no mundo material e sensível. Grato por trazer dinamismo e questionamento a este espaço.
Ah, sim!? Nunca demos por isso...
somos o que os deuses
deixam
que nós
queiramos ser
( perdão a "deuses")
Então, Platero, levas-nos tão a sério?
Deixemos os deuses. Reconheçamos as divindades que somos.
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