O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


domingo, 26 de abril de 2009

A caminho do 25 de Abril

Esta gente toda no metro vai para o 25 de Abril devidamente equipada com kispos e mochilas, casais e grupos.
Onde é que esta gente toda vai para o 25 de Abril?
Destino Amadora Este, uma no cravo, calças de aventura, de bolsos de lado e mapas na mão indicando a direcção para o 25 de Abril, é pela linha azul.
Onde é que esta gente toda vai para o 25 de Abril?
Haviam de ir para adonde? Para o 25 de Abril.
Eu cá estou no 24 ou 26 tal como vários metrutentes com caras de quem sabe seu destino certinho, vamos para o trabalho e nos feriados, que bom que é, ganha-se a dobrar, dobrar o cabo da boa esperança.
Próxima estação Jardim Zoológico. Depois, poucas estações depois, saem todos. Parecem ter descoberto o 25 de Abril, pois que aqui me encontro onde sai mais gente; equipados, fuçanhando, à conquista da terra, rápidos a subir a escadaria que de certeza, para subir tanta gente, vai dar ao 25 de Abril.
Afinal íamos todos para o 25 de Abril, chegados ao destino não queríamos mais nada.
No sítio onde trabalho vendeu-se milhares, o povo rebelou-se na bicha. Não há crise, ó chefe, não saímos daqui sem a encomenda.
Às horas do comer, na zona da restauração onde todos comem uns com os outros, comi peças a um euro cada e estava a dar a "Shinny Happy People" dos REM acompanhada de procissão interminável com fim à meia noite.
No fim da excursão veio a chuva dissolvente dos xutos e pontapés mas, como já ninguém estava a caminho do 25 de Abril, ninguém se molhou.
Durante a estadia no 25 de Abril rompi, ao baixar-me, as calças no meio das pernas. Isto deve querer dizer qualquer coisa a que não tenho acesso, talvez seja a confirmação de que estava de facto no 25 de Abril.

1 comentário:

Anónimo disse...

para gate