O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


terça-feira, 7 de abril de 2009

Pensamento poético e realidade



"[...] realidade é não só o que o pensamento pode captar ou definir, mas também isso, que permanece indefinível e imperceptível, isso que rodeia a consciência, destacando-a como ilha de luz no meio das trevas."





(El hombre y lo divino, Madrid, Ediciones siruele, 1991, p.79)

30 comentários:

Anónimo disse...

Qual a fonte da imagem?

Paulo Borges disse...

Não será isto ainda a perspectiva da "ilha de luz", mais inconsciente e tenebrosa que as próprias "trevas"!?

Anónimo disse...

Poderá ser, sim, Paulo. Isso o sabemos, ou apenas pensamos? ou sentimos? ou nem uma coisa nem outra.


Um abraço no desfazer de tudo isso de que nos estranhamos .

Anónimo disse...

A árvore de Rumi?

Paulo Borges disse...

Interrogo. Que é saber, pensar ou sentir?

Anónimo disse...

Todo nos interrogamos sobre isso.
Para Zambrina, que é quem nos ocupa agora, a síntese era uma possibilidade de por intemédio da linguagem (o maior mito, como imagem, instrumento de conhecimento pessoal (para ela, claro)... o centro germinal do ser só projectando-se pode existir (para Zambrina, claro)...
O vitalismo da linguagem e simultaneamente a fluidicação da matéria da mesma linguagem. Isso seria o ponto, a luz...
A velha questão entre nós(?) da fenomenologia do divino.

Conheço pouco Maria Zambrina. O que conheço não estranho.

bicho da seda disse...

...a fonte da imagem é a imaginação?

Anónimo disse...

imagem retirada de onde? flick? google?

Anónimo disse...

Caro Anónimo,

A imagem é retirado do google, mas não aparece a referência ao seu autor. Pode dizer-se que é de autor desconhecido para mim.
É muito bela, eu acho.Se alguém souber de quem é...

Um sorriso e um abraço

O Holandês Voador disse...

Trevas é a ignorância que me tapa os olhos, cobrindo-os com véus que obscurecem a visão da ilha, sendo esta ainda ainda mais escura que as próprias trevas, uma vez que Nela não existe nada que a mão agarre, nem sequer uma pequena ideia que a de-fina.
Temo, não as trevas nas quais me encontro mas sim a treva que de que é feita essa ilha, na qual os portões do infinito se abrem para o vazio da eternidade, a árvore que nela se encontra liga a terra ao céu e o solo constitui um porto de abrigo àqueles que anunciaram o advento do Espírito Santo.
Tal como o Holandês Voador, sou feito de trevas e eternamente navegarei neste oceano escuro e denso até um dia o amor iluminar o caminho para a ilha, não a ilha da luz mas sim a ilha das trevas, onde Senta me espera para consumarmos o nosso amor.

Anónimo disse...

Para me redimir do imperdoável engano no nome da escritora e filósofa,no meu comentário, aqui vão alguns dados retirados de uma página da Assírio & Alvim:

María Zambrano

María Zambrano nasceu em Vélez-Málaga, em Abril de 1904. Além de ter contactado com as grandes figuras do seu país, desde Ortega y Gasset a Antonio Machado, esteve na primeira linha dos acontecimentos importantes do seu país. Tomou partido e envolveu-se social, política e culturalmente. Foi radical e coerente nas suas convicções. Viajou durante quase toda a vida, juntando ao saber literário e escolar a enorme vivência social e de viajante incansável.
Em Zambrano é muito nítida a distinção entre a sua opção política de republicana, lutadora, que a levará a regressar ao seu país no momento mais agudo de crise, e a sua opção estética ferozmente individual e descomprometida de qualquer veleidade jadnovista.
Zambrano regressou já em idade avançada a Espanha, depois de anos de exílio. Cresceu, então, o enorme reconhecimento pela sua obra...

guvidu disse...

Saudades, gostei mt da imagem e mensagem, complementam-se.

Eu creio que a existência é poesia, um fluir cuja origem vem do Cosmos, já que pó de estrelas somos.

É uma intuição sussurrada pelo transcendente que se vai desvelando, em fragmentos, pois é des-aparição de si mesmo!

A "magia" do existir consiste precisamente no mistério do estno, karma, o nosso trajecto irigido pelo infinito, inefável, indizível,o que queiramos designar.

O importante é sermos um "limbo" bem reestruturado/rrequilibrado/realinhado energeticamente no nosso soham.

guvidu disse...

(rectifico "estno" = destino/"irigido" = dirigido)

guvidu disse...

("rrequilibrado"=reequilibrado)

bicho da seda disse...

... é mais um mito, esse do Holandês Voador...

Holandês Voador desfeito disse...

o mito que faz-se, desfazendo-se...

parva alegra disse...

Holandês, se Senta te espera, pode esperar Sentado... ih, ih, ih

Anónimo disse...

o amor nunca se consuma, apenas sempre consome

Anónimo disse...

e nem sempre se consome o quanto se quer

anónimo2

bicho da seda disse...

Holandês vodador,

...falas de Senta Berger?

platero disse...

não podemos confiar
naquilo que a mente sente
porque por sorte ou azar
a mente por vezes mente

Anónimo disse...

(Ai, ai, o que faz a Primavera! ou a ideia de Primavera?)

Pensamento poético, amigos, realidade... ilha de luz...

metáfora do coração e metáfora do cérebro. A do coração é exaltação, Fogo, ardor, sim, embriaguês e sede; também comunhão e transformação.

O logos espacial seria, na opinião da escritora, palavra e o logos temporal, número...

Que falem os filósofos do que dizem os poetas. E deixem lá a "Senta" em paz...

Anónimo disse...

Amigo Platero,

Essa é muito verdadeira...sabedoria p'ra pular.


Um abraço, Platerito e Saúde!

Anónimo disse...

Olhando para a imagem, Saudades, a árvore evocou-me uma fotografia do Primavera.

Sulpício disse...

Fragmentus, não queres reequilibrar energeticamente este blog? Pode ser que acabe.

Anónimo disse...

Não querendo encerrar estas ideias que por aqui se revelam. Apenas uma coisa se me afigura real: nas trevas reside a mais luminosa das claridades, sendo que a proposição inversa também resulta verdadeira.


Um abraço a todos.

Anónimo disse...

hehehe eu?!...

chamem o Lapdrey, ele é que é o espacialista de reiki!!! :)

namastê, amigo

Anónimo disse...

rectifico para "especialista" mas tb pode ser espacialista pk é energia que se propaga no espaço, certo? :)

Anónimo disse...

tem toda a razão, Saudades, o ferrão do lacrau lá nos provocou em discussão acesa ;)

bj, amiga

Anónimo disse...

"Ana" Fragmentus,

Não penso que tenha sido uma discussão muito proveitosa. Contudo, assinalo como positiva a minha vontade de conhecer melhor a obra de Maria Zambrano. Se assim for para alguns de nós...valeu!


Um abraço e um sorriso si e para todos.