O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sábado, 25 de abril de 2009

O Cravo / Joaquim Pessoa


25 de Abril de 1974


O cravo trevo levado
lavado cheirando a água
cravo meu sangue pisado
peito nora a puxar mágoa.

Mágoa sirene do vento
que o vento grita ao correr
mágoa que acende no tempo
um cravo punho a doer.

Cravo que é a morte ou é a vida
da vida mais desgraçada
tantas vezes mal sofrida
sofrendo a vida parada.

Até que a morte parida
seja a vida libertada.

Joaquim Pessoa
in Amor Combate
Litexa, 1985, p.157

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