domingo, 19 de abril de 2009
Sobressaltos - "[...] senhor absoluto do interstício e do intermédio, do que na vida não é vida"
[fala do Diabo] "A verdade, porém, é que não existo - nem eu, nem outra coisa qualquer. Todo este universo, e todos os outros universos, com seus diversos criadores e seus diversos Satãs - mais ou menos perfeitos e adestrados - são vácuos dentro do vácuo, nadas que giram, satélites, na órbita inútil de coisa nenhuma.
[...]
Sou eu. Sou aquele que sempre procuraste e nunca poderás achar. Talvez, no fundo imenso do abismo, Deus mesmo me busque, para que eu o complete, mas a maldição do Deus Mais Velho - o Saturno de Jeová - paira sobre ele e sobre mim, separa-nos, quando nos devera unir, para que a vida e o que desejamos dela fossem uma só coisa.
[...]
De tudo quanto não vale a pena ser faço eu meu domínio e meu império, senhor absoluto do interstício e do intermédio, do que na vida não é vida. Como a noite é o meu reino, o sonho é o meu domínio. O que não tem nem peso nem medida - isso é meu"
- Fernando Pessoa, A Hora do Diabo, edição de Teresa Rita Lopes, Lisboa, Assírio & Alvim, 1997, pp.29-30 e 31-32.
[...]
Sou eu. Sou aquele que sempre procuraste e nunca poderás achar. Talvez, no fundo imenso do abismo, Deus mesmo me busque, para que eu o complete, mas a maldição do Deus Mais Velho - o Saturno de Jeová - paira sobre ele e sobre mim, separa-nos, quando nos devera unir, para que a vida e o que desejamos dela fossem uma só coisa.
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De tudo quanto não vale a pena ser faço eu meu domínio e meu império, senhor absoluto do interstício e do intermédio, do que na vida não é vida. Como a noite é o meu reino, o sonho é o meu domínio. O que não tem nem peso nem medida - isso é meu"
- Fernando Pessoa, A Hora do Diabo, edição de Teresa Rita Lopes, Lisboa, Assírio & Alvim, 1997, pp.29-30 e 31-32.
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12 comentários:
Senhor de tudo o que é tépido, de tudo o que é cobarde, de tudo o que é feito por "conveniência"?
O frio da Noruega não deve impedir ler com atenção. Esse nome merece ser honrado.
Simplesmente lindo.
Serás o "King of Gaps"?
Pois é, mas quem tem a coragem de evitar a tentação do interstício e do intermédio e sacrificar tudo o que ama para salvação de todos os seres, como o mostrei no filme "O Sacrifício"?
E quem tem a ousadia
de dar o seu olho direito
e se pendurar a preceito
em troco da Sabedoria,
e receber de surpresa
o dom da Poesia?
Bendito seja o diabo
que a todos levante o rabo
da poltrona da indiferença.
O espírito de aventura se aprende,
não é coisa do passado,
nem delírio de demente,
nem marca de nascença.
Andrei, porque haverá incompatibilidade entre o interstício e o sacrifício pelo bem universal? Tenho esse teu filme como uma grande referência.
O que é a vida?
A vida é o mal. A expressão última da vida terrestre
é a vida humana, e a vida dos homens cifra-se numa
batalha inexorável de apetites, num tumulto desordenado
de egoísmos, que se entrechocam, rasgam, dilaceram. O
Progresso, marca-o a distância que vai do salto do tigre,
que é de dez metros, ao curso da bala, que é de vinte
quilómetros. A fera, a dez passos, perturba-nos. O
homem, a quatro léguas, enche-nos de terror. O homem
é a fera dilatada.
Guerra Junqueiro
Sem mais. O "Progresso" é uma invenção dos mandarins do mundo, religiosos e políticos, para manterem o rebanho na expectativa, sem se libertar da vida egocêntrica e samsárica.
o que é o samsara?
o círculo vicioso da confusão mental e emocional que te faz sofrer, nascer e morrer, sem parar
fico mais descansada, sam-sarada!
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