segunda-feira, 6 de abril de 2009
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Fala-se do tempo… do clima, do frio.
Perde-se a confiança no Sol.
São os dias calmos e tranquilos que antecedem a Primavera.
Fala-se do tempo, duvida-se, afirma-se, tem-se a ideia de que tudo a qualquer instante pode mudar. Pode vir a chuva, pode voltar o vento, pode voltar em tempo, pode vir o frio.
Não se acredita no calor dos dias, que aqui e agora por nós é desfrutado.
Ainda há neve na montanha… alguém perto relembra. É certo, em neve até Abril.
Relembram-me, ninguém acredita no tempo que nos é concedido.
Ninguém aqui acredita ou imagina sequer em um fluxo de vida entre elementos... Olho em volta; um mecânico, um electricista, um professor, um alcoólico, um reformado, o dono do estabelecimento… É apenas luz da qual toda a vida depende, relembra; sentados junto ao rio pequeno que agora mais fraco, mas com outra beleza, salta e avança entre as pedras do seu percurso.
Regressam aves, regressa o canto que ecoa na luz do vale.
Passa uma motocicleta que irrompe o silêncio em baixa velocidade saudando os contempladores. Incrédulo, também eu, que precisava de uma fotografia.
A calçada antiga, a nova vedação camarária - verde por sinal - e a alta chaminé desactivada; vermelha colunar do tempo, repouso e local de avistamento da sociedade aos olhos de uma cegonha. Em silhueta distam antigos pinheiros e choupos, a casa de pedra no rio, a outra torre erguida ao som da alta-voltagem e a luz do dia languidamente abraçada pela copa das agulhas nos ramos.
Nada mais avisto... E escrevo, não mais quero ver.
À direita, em baixa paisagem, volto ao rio, pequeno, conduzido por ramos de arrasto, silvas, freixos, arbustos e árvores de pequeno porte, por isso memorável.
Pode vir a chuva, a neve e o vento, mas este fim de tarde é único. Por fim é tarde.
Verdejante horizonte ainda tímido relembra o Outono e o laranja-escarlate das árvores desfolhadas pela terra em viagem. É o falso rubor adiantado pela luz que mascara de cor as plantas, agora verdes. Reescrevo, agora douradas, em fim de tarde.
Não deixa de ser vida, não deixa de ser o astro pintor.
Se fiel for ao relato, retrato o que vejo como… mais que Sol, ainda além que luz… reescreve, mil sóis atrás dos pinheiros.
Entre os espaços vazios das plantas, dos troncos e altos ramos ocupa esta luz o falso limite da folhagem, propagando-se em todas as direcções de entre o difuso verde filtro de bosque, inundando o restante dia em noite e ocaso.
Mil sóis ou astro maior que agora se despede do infinito pela evidente escala da floresta em paisagem. Relembro a chávena fria e tragando ainda morna a seiva que flui pela garganta agastada pelo fumo, experimento o estímulo ou o paladar dos poetas que escrevem sentados num banco de café.
Perde-se a confiança no Sol.
São os dias calmos e tranquilos que antecedem a Primavera.
Fala-se do tempo, duvida-se, afirma-se, tem-se a ideia de que tudo a qualquer instante pode mudar. Pode vir a chuva, pode voltar o vento, pode voltar em tempo, pode vir o frio.
Não se acredita no calor dos dias, que aqui e agora por nós é desfrutado.
Ainda há neve na montanha… alguém perto relembra. É certo, em neve até Abril.
Relembram-me, ninguém acredita no tempo que nos é concedido.
Ninguém aqui acredita ou imagina sequer em um fluxo de vida entre elementos... Olho em volta; um mecânico, um electricista, um professor, um alcoólico, um reformado, o dono do estabelecimento… É apenas luz da qual toda a vida depende, relembra; sentados junto ao rio pequeno que agora mais fraco, mas com outra beleza, salta e avança entre as pedras do seu percurso.
Regressam aves, regressa o canto que ecoa na luz do vale.
Passa uma motocicleta que irrompe o silêncio em baixa velocidade saudando os contempladores. Incrédulo, também eu, que precisava de uma fotografia.
A calçada antiga, a nova vedação camarária - verde por sinal - e a alta chaminé desactivada; vermelha colunar do tempo, repouso e local de avistamento da sociedade aos olhos de uma cegonha. Em silhueta distam antigos pinheiros e choupos, a casa de pedra no rio, a outra torre erguida ao som da alta-voltagem e a luz do dia languidamente abraçada pela copa das agulhas nos ramos.
Nada mais avisto... E escrevo, não mais quero ver.
À direita, em baixa paisagem, volto ao rio, pequeno, conduzido por ramos de arrasto, silvas, freixos, arbustos e árvores de pequeno porte, por isso memorável.
Pode vir a chuva, a neve e o vento, mas este fim de tarde é único. Por fim é tarde.
Verdejante horizonte ainda tímido relembra o Outono e o laranja-escarlate das árvores desfolhadas pela terra em viagem. É o falso rubor adiantado pela luz que mascara de cor as plantas, agora verdes. Reescrevo, agora douradas, em fim de tarde.
Não deixa de ser vida, não deixa de ser o astro pintor.
Se fiel for ao relato, retrato o que vejo como… mais que Sol, ainda além que luz… reescreve, mil sóis atrás dos pinheiros.
Entre os espaços vazios das plantas, dos troncos e altos ramos ocupa esta luz o falso limite da folhagem, propagando-se em todas as direcções de entre o difuso verde filtro de bosque, inundando o restante dia em noite e ocaso.
Mil sóis ou astro maior que agora se despede do infinito pela evidente escala da floresta em paisagem. Relembro a chávena fria e tragando ainda morna a seiva que flui pela garganta agastada pelo fumo, experimento o estímulo ou o paladar dos poetas que escrevem sentados num banco de café.
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13 comentários:
Nesses momentos já não sabemos se somos nós que olhamos a paisagem ou se é ela que nos olha a nós.
A janela por onde se vê a paisagem é uma lente filtrada pelo que é observador e observado.
"Um fluxo da vida entre momentos" é uma outra forma de ver o tempo e a paisagem. O sol há-de chegar ao ponto em que aparece na fotografia. Já lá estava antes à espera do olhar. E os planos interior e exterior interpenetram-se... Ainda outro plano para além deste, suspenso, estático, a sorrir do nosso olhar. Seguindo os nossos gestos e o nosso próprio ruído mental por dentro e o ruído real exterior, todo existente, das coisas que fazem o barulho que lhe é próprio: o da motocicleta, o da nossa mesma respiração tão exterior e ao mesmo tempo tão íntima, tão nossa.
A imagem que falou disse em legenda, a lenda que nos encantou: a de mais um momento acrescentado à eternidade, ou tão só os raios divinos da tarde (acho que é a tarde)que anuncia a noite.
É misterioso o efeito de tudo isso. Como um deus que não dorme.
Um abraço carinhoso e um obrigada por esta magnífica imagem, enquadrada com um texto que nos deixa a pensar na existência. Como se existíssemos...
"Poesia chorada, como o mar sob a chuva?
Poesia aflita, como um farol no denso nevoeiro?
Poesia angustiada, como a futura mãe?
Alegre o olhar, os meus dedos são mensageiros dos deuses
E cantam o que me sobra e eu não sei entender.
Alegre o coração, escapa-se de mim um fumo de dor,
E enquanto rio, sou também lágrimas e soluços.
O acordo é uma promessa do paraíso perdido mas não morto,
pois as suas portas choram por mim em mim."
"O banquete infinito"
antónio quadros
A beleza imensa de uma imagem de quem nas palavras não se mascarou mas se assumiu...homem-poeta!
Adorei e sinceramente grata pela com-partilha, imanada de um espírito de montanha que se fez comunhão de sentido(s), perdidos e reencontrados. :)
O meu bj de luz e paz para ti e p/ a Saudds. Namastê
Sento-me neste instante para esperar o poema que chegará às tuas mãos enquanto afastas o olhar sobre as cores de um pintor chamado Sol. o poema virá, porque tu o convocas à clareira do teu ser. Espero pelo poema que é em ti uma estação pujante de Primavera.
adorei a canção, mas tú e a isabel não dizem nadacope
baal,
Eu também adorei a canção... Foi por isso que me esqeci de te dar o medicamento...(Ai, ai, ai!!!)
Um sorriso baal
certo, saudades um abraço, e um pedido de desculpas, que nada servem
...nadinha, baal.
outro.
um sorriso para baal. E um dia feliz.
obsessão com o sol
adormeço... quentinha. E sonho com a Lua.
O Félix é um poema vivo!
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