O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


domingo, 12 de abril de 2009

Boa Ressurreição!

"Aqueles que dizem que o Senhor morreu primeiro
e ressuscitou a seguir, enganam-se,
pois Ele ressuscitou primeiro e morreu a seguir.
Se alguém não ressuscita primeiro, não pode senão morrer.
Se já ressuscitou, é vivente como Deus
é Vivente"

- Evangelho de Filipe, 21, 1-5.

Ressuscitemos dos cadáveres adiados que somos, na ignorância e nos preconceitos, na cisão eu-outro e nós-outros, no passado e no futuro, no medo e na expectativa, no apego e na rejeição, no fecharmos os olhos que em nós se abrem.

6 comentários:

Anónimo disse...

Como Camões escreveu, «Mais descobrimos do que o humano esprito/ Desejou nunca, e bem se manifesta/ Que são grandes as cousas e excelentes/ Que o mundo encombre aos homens imprudentes».

Creio que neste contexto ser imprudente é estar ofuscado pelos véus que encobrem o que não pode ser visto, sendo o não visto senão a Aparição, o viver perenamente na caverna do mito e tomar por real as sombras que surgem nas paredes que, pensando-as permanentes, sofremos a sua impermanência. Ser imprudente é ser prudente ao ponto de nos cindirmos dos objectos, sentindo o nosso ego atracção ou repulsão pelos mesmos e viver a realidade dessa ficção a que chamamos vida mas que os santos chamam morte, sendo a Vida a própria Morte, morte do ego, morte dos objectos serpentinos que o rodeiam, morte de si. Ser imprudente é ver na matéria o ser em si e em si, substância e independência, ver o demiurgo como o pai criador do rebanho que somos todos nós. Todavia é também imprudente aquele que vê a insubstância na matéria, como que o si e o mundo jamais tivessem existido, tudo fazendo parte de uma conjectura onírica e ilusória e desprovida de essência, provenientes de um Inefável do qual tudo surge.
Mas afinal o que é ser prudente? Não será afinal cair na armadilha de ser imprudente outra vez?

Saúde pascoal:)

Paulo Borges disse...

Caro Kunzang Dorje, agradeço-lhe o comentário e o outro que fez no seu blog. Com um nome tão auspicioso - Diamante bom para todos - , gostaria de o convidar a colaborar neste blog. Se estiver interessado, dê sinal.

Saudações na Saúde primordial!

Anónimo disse...

tanta gente morta

Anónimo disse...

Caro Professor,

grato pela sua observação não observável. Colaborarei no seu blogue sempre que puder e com muito entusiasmo, daquele que se assemelha a uma «armadura».

Saúde:)

Paulo Borges disse...

Aguardo então que me envie o mail para onde devo dirigir o convite.

Anónimo disse...

Ressuscitemos de andar aqui aos caídos nos blogues