O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


terça-feira, 1 de janeiro de 2008

cordão

Cordão sem tempo
houvesse

veio de ouro
inquebrável travessia

reconduzisse à Chama
que nos chama
em olhos de Outro
sede do Mesmo

e afogasse lágrimas
na Lágrima da Fonte

Fronte fosse
desaguar o Cântico
da Inocência

se
Ela abrisse os Olhos
e povoasse a Paisagem

dor alguma nascesse
medo todo morresse

dom
das Lágrimas Cantantes
vertidas em dorso de Rio

Isso: serpente celebrante:
Tudo se procura a si mesmo

1 comentário:

Luar Azul disse...

Líndissimo este poema que parece trazer a fragrância de um tempo antes do Tempo, uma sonoridade Primordial!! Lindo! ^_^