O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


segunda-feira, 7 de janeiro de 2008


4 comentários:

Paulo Borges disse...

Fotografando tornas-te invisível. Ocultas-te na revelação do mundo. Como o absoluto.

Adama disse...

Diria de outro modo, nestes casos:
Fotografando revelas-te no aspecto visível do mundo.
Entrevejo a tua alma não só quando os meus olhos se cruzam com os teus, mas também nos olhos dos outros e de todas as coisas que me mostras.

Anónimo disse...

Somos herdeiros de uma civilização simplista: a do ver. Passar do ver ao entrever exige toda uma subtileza que é apanágio de almas raras. E todavia nada mais comum: pois o que na realidade se vê, que não seja apenas entrevisto !?

Anónimo disse...

Duvido que algo se entreveja sequer... Duvido que haja algo... O simplismo de que somos herdeiros começou com o preconceito de que algo é... de que há ser... Que pode alimentar belas vertigens metafísicas como as de Álvaro de Campos, tremendo perante o terrível mistério de haver ser, mas nem por isso é mais verdadeiro...