O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Poema de amor

Vasa-me os olhos e eu poderei ver-te
Destrói-me os ouvidos e eu poderei ouvir-te
Mesmo sem pés poderei chegar a ti
Mesmo sem boca poderei conjurar-te
Corta-me os braços adorar-te-ei
Com os braços com as mãos
No coração latejará o meu cérebro
E se incendiares o meu cérebro
Guardar-te-ei ainda no meu sangue

Rainer Maria Rilke
(1875 - 1926)

8 comentários:

Semente disse...

Este poema...

conheço-o
amo-o*

fas disse...

É natural: foi feito para uma sereia...

Anónimo disse...

Este poema é IMENSO! Tinha que ser do Rilke...tinha que ser, só poderia ser. Obrigada Liliana!

Semente disse...

Cara Liliana,
quando fui eu a postar... foi assim:

http://serpenteemplumada.blogspot.com/2008/07/amor_20.html

:)obrigada por trazê-lo de volta!
Gosto muito*

:) Obrigada Soantes*
Não posso ter deste comentário uma confirmação :) mas ajuda a imaginação e o ter-se lembrado dessa forma*

Liliana Gonçalves disse...

Cara Sereia,

As minhas desculpas por ter feito um post com um poema que já havia anteriormente postado neste blogue. Digo-lhe que tive até o cuidado de verificar se havia já o poema, consultando a etiqueta correspondente ao poeta "Rilke" e não constava. Percebi agora na visita que usou outras "etiquetas" e por isso houve este novo "encontro"


Engraçado é no entanto, verificar a forma como sendo o mesmo poema, os elementos que ficaram diferentes na postagem:)

beijo

Anónimo disse...

"Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto, tão perto, tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco"

Mário de Cesariny de Vasconcelos

Luiz Pires dos Reys disse...

Amigas/Amigos,

Se, para "desempatar", necessário for, eu até posto o poema de novo, daqui a um tempo.

Aí, já terei direito a um coro (de anteriores postantes: uma sereia e uma nereide) que, carpindo indizíveis maresias e aromas de jasmim, me tangerá ao ouvido a lembrança de que também sou (meio?) louco, porque me quero assim: para ser bem mais saudável...!

Bebamos, entretanto - até ao extremo do êxtase - da taça de divina ambrósia, que nos é apresentada pela própria mão do divino Rilke...

(...isto, é claro, com uma matreira piscadela de olho de Cesariny e outra dum certo soante photomaton, almiscarado príncipe das áfricas.

Contemplando, arúspices de si, estarão Isabel e "Anónimo"...)

Semente disse...

Oh Liliana,

mas eu fico é muito feliz de o trazer de volta!

Não tem que pedir desculpas... eu só tenho que agradecer!!!

:)

coloquei o link de quando fui eu, na esperança de vir a ter um comentário seu. Porque acho interessante o termos postado o mesmo poema, ainda que de formas diferentes :)

Liliana, nada de desculpas, sim?

Beijinhos a todos*