O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Altas Montanhas

Para lá da Montanha
Não havia Mar,
Só mais montanha





Nas montanhas,
os pescadores sem Mar
chamam-se pastores






Os peixes ganham pêlo,
que se transforma em lã
protecção do vento e do Sol
Os cardumes, são rebanhos






E o Azul, esse,
fica sempre por cima das cabeças
Não se entranha nas guelras





Nesses dias secos,
Há quem diga que a esperança
está do outro lado da estrada
e que basta atravessar




(a pedido de várias famílias... publico fora de horas e aproveito para dedicar este post à Fragmentus*, que me desculpem os restantes encorajadores)

8 comentários:

Anónimo disse...

E nestas montanhas sopra o bom vento e por isso te sáudo e peço que, mesmo que andem remoinhos em terra, que escutes sempre, como fazes tão bem, o que sopra do Alto da Montanha, no âmago do espírito.

Muito bonito mesmo.

Anónimo disse...

Abro a janela para comunicar, mas a beleza cala-me.
Sereia, a montanha era o mar, o mar fora antes montanha... e cada coisa só precisa do necessário para ser o que é: peixe,sereia, montanha...

Há dias secos e dias menos secos. São dias: há dias.

Eu e tu, Sereia, precisamos do mar e da montanha, e também do deserto...

É belo o teu texto e subtis as imagens. Bela coordenação entre aquele e estas.

Obrigada

guvidu disse...

Querida Sereia, estou a tentar falar-te pelo gmail mas o meu servidor não o permite, a ligação cai com frequência.

O que dizer? Que fiquei fascinada pelas analogias q aqui referiste, em jeito de embalo poético. Qdo as li, no blog do nosso amigo Vergílio Torres, fiquei a pensar de que o deverias postar em teu blog e aqui. E o "melganço" deu resultado...rsrs...com dedicatória e tudo, o q mt me emociona, acredita.

Acho-te simples, de bom coração, e educada. Ganha confiança neste género de partilha, pois todos nós enriquecemos assim os nossos fragmentos de (in)finitude. :)

A Serpente está a ficar poderosa, com o nosso contributo!!!

Um bj grnd de luz e paz

...Obrigada...

Anónimo disse...

Belas fotos-olhares-palavras!

Anónimo disse...

falta de homem e o vosso mal. mulher sem homem vira galinha tagarela

Luiz Pires dos Reys disse...

Aqui não se aplica, por certo, aquilo de "peixe fora de água", pois, por um um lado, Sereia não é peixe e, por outro, sendo o que for que ela seja, esta que aqui nos visita nada por Mar e por Marão, mares e marões.

É deste tipo de seres mais cumulados de aptidões e perfeição, e de mais ampla versatilidade no adaptarem-se a vários habitats do que nós, homens (os seres mais sublimes à face da terra, mas os únicos, porventura, que têm isso a que chamamos defeitos), poderemos aprender com o seu alto exemplo.

Grato, cara Sereia, pela sua sabedoria em não confundir mundos, mas antes uni-los, e pelo seu saber nadar em múltiplos mares e oceanos...

Laura disse...

"Nas montanhas,
os pescadores sem Mar
chamam-se pastores"

Sem dúvida. Não querendo repetir o que já foi dito, quantas montanhas não foram já leito do mar? Bela analogia, belo jogo entre texto e imagem.

Semente disse...

Deixo um abraço a todos e fico grata de coração por ter lido as vossas palavras*

Ventos do Bem,
sempre que eu possa vou ouvir, sim. Os que sopram da montanha são, para mim, tão importantes de ouvir, como os que vêm de nortada :)

Saudades,
preciso disso tudo, como tu. É verdade! :) E fico feliz porque sei que preciso mesmo de Mar, de Montanha, de Deserto

Vergílio
:)

Fragmentus,
Se não fosses tu... Provavelmente, este post não tinha saído do Mar :)

Tamborim,
Obrigada

Lapdrey,
Obrigada pelo seu comentário.
Gostei de ler nas suas palavras a minha vontade de UNIR mundos. Porque, de facto, sempre que possa e sempre que esteja ao meu alcance, uni-los-ei de coração. Mesmo que seja numa mensagem de bolg*

Madalena,
Como Sereia* é muitas vezes na montanha que me abrigo, quando não estou no Mar. E sinto-me igualmente protegida e abraçada pela terra*

Grata a todos*