O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Karl Jenkins: Adiemus

Adiemus não é cantada em nenhuma língua. As palavras são simples sílabas, inventadas por Karl Jenkins, o compositor. Foram escolhidas para que o ouvinte se consiga concentrar exclusivamente no som e timbre da voz. O som destas sílabas permite que a voz funcione como um mero instrumento. Além disso, quando as canto, sinto alegria. Ora experimentem! 



Ariadiamus late ariadiamus da
ari a natus late adua

A-ra-va-re tu-e va-te
a-ra-va-re tu-e va-te
a-ra-va-re tu-e va-te la-te-a

Ariadiamus late ariadiamus da
ari a natus late adua

A-ra-va-re tu-e va-te
a-ra-va-re tu-e va-te
a-ra-va-re tu-e va-te la-te-a

A-na-ma-na coo-le ra-we
a-na-ma-na coo-le ra
a-na-ma-na coo-le ra-we a-ka-la...
a-na-ma-na coo-le ra-we a-ka-la........
ah-ya-doo-ah-eh
a-na-ma-na coo-le ra-we a-ka-la.....
a-ya-doo-ah-eh...
a-ya doo a-ye
a-ya doo a-ye

****
A-na-ma-na coo-le ra-we
a-na-ma-na coo-le ra
a-na-ma-na coo-le ra-we a-ka-la...
a-na-ma-na coo-le ra-we a-ka-la........
ah-ya-doo-ah-eh
a-na-ma-na coo-le ra-we a-ka-la.....
a-ya-doo-ah-eh...
a-ya doo a-ye
a-ya doo a-ye
---
a-ri-a-di-a-mus la-te
a-ri-a-di-a-mus da
a-i-a na-tus la-te a-du-a.

A-ra-va-re tu-e va-te
a-ra-va-re tu-e va-te
a-ra-va-re tu-e va-te la-te-a.

A-na-ma-na coo-le ra-we
a-na-ma-na coo-le ra
a-na-ma-na coo-le ra-we a-ka-la...
a-na-ma-na coo-le ra-we a-ka-la........
ah-ya-doo-ah-eh
a-na-ma-na coo-le ra-we a-ka-la.....
a-ya-doo-ah-eh...
a-ya doo a-ye
a-ya doo a-ye

ya-ka-ma ya-ma-ya-ka-ya me-ma
a-ya-coo-ah-eh mena
ya-ka-ma ya-ma-ya-ka-ya me-ma
a-ya-coo-ah-eh mena
ya----ka--ma me--ah
a-ya-coo-ah-eh mena
ya----ka--ma me--ah

13 comentários:

Anónimo disse...

aqui nao ha limite para a estupidez?

Laura disse...

Não sei o que é limite... mas também... não sei o que é estupidez... o que é isso?

Luiz Pires dos Reys disse...

Foi boa a lembrança de trazer "Adiemus".

Já Wagner via (e outros antes dele, que eu porventura desconheço) a voz humana como mais um instrumento, num âmbito mais lato da orquestra, retirando aos actores cantores a dimensão antropocentrada da "virtuose", e de um apelo mais centrado no emotivo, que tanto caracteriza a ópera italiana.

Em Wagner, há uma como transcensão musical do teatro grego, ampliando o coro à dimensão da orquestra e devolvendo ao "actor" a "máscara" da pura voz num rosto inexpressivo, e fazendo da tensão dramática exaurida até às extremadas pulsões do trágico e do sublime.

Para alguém que não conheça a língua alemã, a tessitura frásica da voz é em quase tudo semelhante a este "a-ra-va-re tu-e va-te la-te-a", menos no não tão repetitivo.
Mas, ainda o repetitivo, tem poder litânico e quase mântrico.

A palavra destituída de significado, que não de sentido, que sempre assume, é extremamente afim das lengalengas das crianças, e de seu poder incantatório e relaxante.

Luiz Pires dos Reys disse...

Há sempre quem, face ao insólito ou ao inesperado, tome por estupidez, o que é apenas limitação sua própria, de sujeito: quanto a isso, nada há a fazer, se o próprio nada fizer...!

Laura disse...

Postei o Adiemus aqui, exactamente porque me lembrei de um seu post anterior sobre esse assunto, Lapdrey. E hoje, fez-me todo o sentido, com esta música.

rmf disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
rmf disse...

Excelente!

Nessa desapropriação, um sem número de possíveis emoções transparecem e nós, presos ainda a tudo-o-que-tem-de-ter-significado.

Brilhante partilha Madalena, e pela partilha aqui deixo mais uns *Cliques, especialmente o primeiro.

Kongar-ol Ondar

Rakim

tenore monte bannitu

Desejo-vos uma boa noite. Excelente!

Luiz Pires dos Reys disse...

Ah, Vergilio, nem sabes o que aqui trouxeste à "colação"!

"Overtoning" é um daqueles fortíssimos e abísmicos veios por que se me "deslaça" a mais "amarrada" contextura da alma.

Nesse "exercício" de quase modulação com as "vibrações" harmónicas e melódicas das cordas que subjazem ao cosmos na sua mais transversal "primordialidade" e "actualidade" não-localizada, me actualizo no mais remota origem e no mais instante agora do Sempre que a tudo perdura.


Deixo aqui também, se me é permitido, umas pequenas contribuições quanto a isto de "overtone":

Cantor mongol de “overtoning”: http://www.youtube.com/watch?v=HwANedEkqaY

Rollin Rachele: http://www.youtube.com/watch?v=JbzaKKfvBo4

rmf disse...

Belíssimo!

Grande abraço para vós!

Anónimo disse...

HOJE, 1 DE MARÇO, ESTE É AINDA O ÚLTIMO POST Q CONSIGO VER...ALGO ANDA FREMENTE NO REINO DA SERPENTE!

Maria disse...

Grata à Madalena, ao Vergílio e ao Lapdrey pelos sons que aqui deixaram. Gostei.

E, Tamborim, a Serpente continua a fazer caminho ... ...

Obualdo disse...

Melhor que esse lixo musical chamado funk, que nem se compara ao funk original,de origem americana. Esse funk é uma lama para a alma.

Obualdo disse...

Estagnação evolutiva mesmo.