O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Homenagem

O homem nasce quando se levanta de haver nascido.

14 comentários:

guvidu disse...

eu rectificaria para: renascido. :)

Anónimo disse...

Homem-nagem?

Excelente como está, sem tirar nem pôr.

Anónimo disse...

algum de nós se levantará de ter nascido? só quando escolhemos a ausência...

Paulo Borges disse...

Levantar-se de haver nascido é reconhecer que jamais se nasce em absoluto. Não se escolhe a ausência, ela é a nossa natureza incriada e jamais entificada: abs-entia. Este um dos sentidos profundos da saudade: sentimento/sentido da ausência, não só como fruto da separação e da distância, mas como abs-entia, presença aberta, não entificada, vacuidade.

Anónimo disse...

continua a conversa idiota. aqui nunca se cansam. de fato não há limite para a estupidez

Anónimo disse...

De facto não há, anónimo. Tu o mostras.

Anónimo disse...

Levantemo-nos já!

Unknown disse...

«Quando for levantado da terra, atrairei todos a mim.» João 12:32 (inscrito na Cruz Alta, em Almada)

Anónimo disse...

"A vida é uma simples sombra que passa (...); é uma história contada por um idiota, cheia de ruído e de furor e que nada significa."

Anónimo disse...

“Que é a vida ? Um frenesim. / Que é a vida ? Uma ilusão, / Uma sombra, uma ficção, / e o maior bem é pequeno, / que toda a vida é sonho, / e os sonhos sonhos são” - "La Vida es Sueño", II, XIX)

Anónimo disse...

Desmaio ao crepúsculo.

Ampara-me, esmaga-me rosas no peito, morde-me a boca.

Segreda-me Aquilo.

Tudo ressuscitará de haver nascido.

Anónimo disse...

existe um príncípio que não passa pela linguagem, todos o 'conhecemos',
não queremos reconhecê-lo.

Luiz Pires dos Reys disse...

A aphorese da Luiza é desenhada com uma lâmina de dupla face interrogante, que radica no nenhures duma tal suspensão do pensar em circulação uroboros e, por isso, é abismicamente silenciante e silenciadora: aqui ouvimos apenas alguns contra-ecos (eu incluído)...
Grato, como sempre, Luiza|

Unknown disse...

De Pé (Saudação a Antero)

«Força é reconhecer
Que a morte, quando escolhida
É uma espécie de antever
A vida dentro da vida
É parecida
Só parecida
Com a vida por viver

Num jardim quadrangular
À vista do oceano
Pode perder-se o olhar
Na praia do desengano
É humano
Sobre-humano
É ter um canto p'ra salvar

De pé, meu canto, não te rendas
Saúda o mestre das oferendas
Canta, canta, coração
Que o poeta só te dá o que lhe dão

De pé, memória do futuro
Há sempre luz ao fim do escuro
Numa ilha só morre o que lá está
O que conta, no que foi, é o que será

É bem pobre condição
Render-se ao desespero
E ler só morte na mão
Direita de Antero
O que eu quero
Porque quero
É negar a negação

Há uma ausência feroz
Que veste a nossa mágoa
E esquecemos que é por nós
Que a fonte deita água
Mas eu trago-a
Mas eu trago-a
É a razão da minha voz»
José Mário Branco