O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sábado, 27 de dezembro de 2008

obrigada


Conhecer-se a si próprio é esquecer-se de si mesmo.
Esquecer-se de si mesmo é ser iluminado por tudo o que existe no mundo.


Dogen (monge budista japonês do séc. XIII)

10 comentários:

Liliana Gonçalves disse...

já me havia cruzado algures com esta fotografia e o pensamento que aqui a faz acompanhar, é a meu ver um "casamento harmonioso"

às vezes as palavras ganham forma quando experimentámos começar a viver as palavras.

o conhecimento do self é uma longa estrada, por vezes tão abstracta que poucos assim a conseguem absorver.

Deixo outro pensamento, de Álvaro de Campos que muito me acompanha

"Começo a conhecer-me. Não existo."

rmf disse...

Uma imagem (com palavras) vale mais que mil palavras (sem imagem)

guvidu disse...

1 pérola de sabedoria!

de facto, quando nos esquecemos (e isto supõe, obviamente, humildade, abnegação,abertura de espírito...) destacamo-nos no universo que nos envolve, pela nossa própria luz que assim irradia, pacificada (em harmonia).

Anónimo disse...

Depende Virgilio! Depende!Por outro lado, e citando Robert Bresson ao referir-se a Vivaldi, "quando um violino é suficiente, não se deve utilizar dois".Neste caso, também concordo, que os "dois" fazem mais sentido!

Luna disse...

Só quando nos esquecemos de nós,deixamos os egos adormecidos, o verdadeiro amor feito de pura dadiva acontece
beijinhos

Rueco disse...

Saúdo-vos a todos
Agradeço à maioria
Desculpem lá os modos
Mas a origem é algarvia.

Quando Ele por cá andou
Eu ainda não era gente
Mas desde que o li
Algo mudou
Não sei o quê
Mas é diferente.

É diferente o eu
É diferente o vós
Eu sou menos meu
Vós sois todos nós.

Mandamentos só dois
A ti própria faz-te conhecida
E só então e depois
Com conta, peso e medida.

Ab.

Anónimo disse...

E como vives, Liliana, com esse pensamento?

Luiz Pires dos Reys disse...

"Começo a conhecer-me. Não existo."
(Álvaro de Campos, citado por Liliana Jasmim)

Meu caro X.,
Se bem que o mais estardalhaçante heterónimo de Pessoa por certo o não fosse, quem sabe pudesse ter-lhe ocorrido a si ler tal passagem com uns certos olhos, digamos, "existencialistas". Isso poderia ter sido de alguma boa valia.
Se bem que seja, em princípio, possível toda a pergunta, nem toda a pergunta pode ser aceitável.
E porque não aceitável? Porque só é realmente humano, desumano ou inumano questionar outrem quanto ao que nós mesmos nos já questionámos e, porventura, respondemos.
Se não, ou a pergunta é ociosa, ou é simplesmente ofensiva, por ser só desafiante sem querer ir ao próprio desafio.
Quer brindar-nos então com a resposta que deu a si mesmo, quanto a esta mesma pergunta, ou será que é segredo de estado (estado de X., claro)?
Assim poderíamos começar com uma mais consistente contribuição de quem levantou a questão.
Elementar, meu caro X.
(Aliás, acho que já o “vi”, por aqui, em alguma ocasião…)

Anónimo disse...

O que tem vocês contra as coisas? Sabem o que são as coisas? São coisas!

Marta Rema disse...

:-)