O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


segunda-feira, 31 de março de 2008

Tudo te beija, envolve e abraça. Tudo rejeitas. Queres imaginar-te só quando a cada instante estás na cama com o universo.

24 comentários:

Anónimo disse...

Nada te beija, envolve ou abraça.
Tudo é miragem. Queres imaginar-te na cama com o Universo quando a cada instante estás só.

Anónimo disse...

Apesar de ter sido declarada minha não existência, algures lá para baixo, cito: «o obscuro não existe.», eis que ele reaparece para dizer que o «mundo às avessas» parece ter chegado muito, muito antes do carnaval a este espaço.
Penso, se me é permitido, que a falta de respeito sem propósito algum e a má formação tem desvirtuado este blogue. Estarei enganado? Mas ainda penso que não há perigo de contágio. Se cada um souber dialogar com mais proveito com os outros. Desculpem dizer que ao ler alguns comentários parece que estamos num jardim de infância
de miúdos mal educados.
A solidão, como diz o Paulo Borges, não é possível. Que saibamos sentir a presença do universo e que ela nos dê lucidez.

Um abraço

Anónimo disse...

É pena, mas:
"[49-50] Quando a mente se mostra excitada, trocista e orgulhosa, ou vaidosa, inquiridora e rancorosa, insidiosa, ávida de elogios, desdenhosa, grosseira e brigona, devemos ficar quietos como um bocado de lenha." Shantideva,Bodhicharyavatara,5. (não tenho aqui a versão do P. Borges).
O Universo não espera e, de alguma forma, já estamos libertos (quer o queiramos, ou o saibamos, quer não!). Apesar de tudo, foi bom vir aqui. Bem-hajam!

Paulo Borges disse...

Sim, cara e íntima lucidez, isso também é verdade... até ao ponto em que tudo ser miragem impossibilita haver quem esteja só.

Anónimo disse...

Para quem falas, ó anónimo ? Ainda te prendes a falar de libertação e mente ?

Anónimo disse...

Todos têm a sua quota parte de razão, saibamos reconhecer-nos uns nos outros, espelhos que se reflectem mutuamente...

Anónimo disse...

E se o espelho te engana e te mostra aquilo que queres ver ?

Anónimo disse...

O melhor é então parti-lo. Em nós.

Anónimo disse...

Entendi. Mas, explica-te melhor... O ego mostra apenas aquilo que queremos... rejeitando todo o resto. Vá lá ensina-me a partir o espelho...

Anónimo disse...

Habitua-te a reparar nisso, cada vez mais, até não ires mais atrás de nenhuma projecção. Incluindo a de haver ego.

Anónimo disse...

Entendi. Porém, agora ...

ah! Esquece, lembrei-me doutra coisa !

Anónimo disse...

Uma reflexão destas merecia um belo texto do nosso querido Casto Severo. Porque afinal não remete este aforismo para o grande Eros, para a grande revelação erótica com a vida e os vivos ?

P.S. Ó Casto Severo estamos com saudades das tuas profundas reflexões sobre o Eros e sobre Vénus, sim que eu ainda não me esqueci que Vénus, venerar e veneração têm uma relação: a explicar.

Anónimo disse...

Nós, as ego-personas, somos feitas de cartão, papel, cola e tinta; por isso desfazemo-nos com bastante facilidade, basta aplicar um bom diluente... O ego também nos mostra o que ele rejeita, aquilo com que não se identifica, o que nos faz dizer "aquele não sou eu", ou seja, o "outro", também ele feito de cartão, papel, cola e tinta... Mas esse "outro" é um "outro-eu", é um "eu" também. No fundo, só há um "eu", mas esse único "eu" tem muitas máscaras, a que nós damos o nome de "outros" (por isso, no fundo no fundo, isto é tudo um monólogo).
Tu (o "eu" que tu és) mostras-me o "eu" que sou mas que só tu podes ver: devolves-me a imagem de mim que eu dou a ti. (E vice-versa). Em ti eu vejo o meu próprio reflexo, mesmo que esso reflexo seja a coisa mais repugnante... sou sempre eu, por mais que eu quisesse que fosse um outro. Quanto maior for a compreensão de que o outro sou eu próprio com uma máscara diferente, mais força terá esse potentíssimo diluente chamado Amor. Até que, um dia, "eu próprio" (todas nós, as máscaras) me dissolvo/ nos dissolvemos.

Anónimo disse...

É por isso que quando estou apaixonado me projecto no outro, fazendo uma sobreposição de mim próprio sobre ele, e só me vejo a mim próprio idealizado no outro (só vejo o que quero ver). Quando a paixão é mútua, o outro faz o mesmo sobre mim, e manipulamo-nos mutuamente, sempre através de projecções idealizadas, origindas no ego (cada um mostra e faz aquilo que sabe que o outro quer ver). Até que um dia... sobrevém a verdade e o desencanto, e o acerto de contas, dicussões sem fim, exigências, ciúme, possessividade, controlo, ego, ego, ego...
E quando não é paixão mas sim Amor, como é? E no verdadeiro Erostismo, como é? Paixão, Amor, Agape, Filia, Eros, Afrodite...

Ana Margarida Esteves disse...

O verdadeiro Amor a a Paixao lucida, a Paixao nao apesar dos defeitos do outro mas tambem por causa deles, a Paixao desapegada, que aceita ate o sacrificio de ver o Ser Amado partir se isso for melhor para ele.

Anónimo disse...

Paixão lúcida... Paixão desapegada... E se essa Paixão deixasse tudo para acompanhar o Ser amado? Quem é que se sacrifica, a Paixão ou o Amor?

Ana Margarida Esteves disse...

E se o Ser Amado nao quizer que o acompanhemos? Ou se nao o acompanhar for melhor para o seu desenvolvimento como pessoa? Quem o oque se sacrifica?

Anónimo disse...

Obrigada pelos comentários queridas Máscaras e Ego Apaixonado.

E pronto. Já me fizeste "perder" com mais umas leituras mas, ainda assim pergunto: Chegado ao Amor porque ficaste reticente ? O que tens tu a dizer sobre o "Amor, o verdadeiro Erotismo" ?

Anónimo disse...

por agora, reticências...

Ana Margarida Esteves disse...

Amor, o verdadeiro Erotismo, é trancender a dualidade Amante/Amado e chegar ao Absoluto através dessa transcendência.

Hei de publicar aqui uns trechos do romance "La Confession Anonime" De Suzanne Lilar.

Ana Margarida Esteves disse...

O verdadeiro erotismo é o sacrificiodo ego e da dualidade.

Anónimo disse...

Pois, Ana Margarida ! Compreendo ...

Mas eu queria ouvir o "Ego Apaixonado/Sentido" ... Acho que ele tem muito mais para nos dizer ...

Ana Margarida Esteves disse...

Queres ouvir o meu ego apaixonado/sentido ou o da pessoa que escreve aqui sob o pseudonimo "ego apaixonado"?

Anónimo disse...

Ana Margarida,

Referia-me a ele, ao que aqui escreve ...
mas se quiseres falar do teu... porque não ?

E sendo assim, Ego Apaixonado e Ego Sentido reitero o meu pedido, estou à tua espera... e sou toda ouvidos.