quinta-feira, 13 de março de 2008
Lisboa por uma janela sem fim
Por uma janela,
um canto, um pedaço de Lisboa,
se mostra.
A varanda do São Carlos, as escadinhas ao fundo
O sol que me atravessa e me chama a levantar o rosto,
e a olhar os telhados, e as sombras,
as árvores, as cores, destas folhas que leio
e os carros que passam, e as pessoas que descem as escadas…
Ai. O céu, este céu,
e esta brisa. É Primavera!
Passa um eléctrico…
Respiro fundo.
Não há momento em que Lisboa vibre
que não vibre também Pessoa.
É uma Lisboa revisitada
em cada contemplação e pausa.
Os pássaros a comporem voos...
E mais um eléctrico que passa.
Tudo isto se passa sem o som do que vejo.
Apenas no silêncio do olhar
em que escuto Lisboa lá fora a bater aqui dentro.
Há um livro de Enrique Vila-Matas que eu nunca folheei,
a primeira vez que me apanhou numa livraria foi para lhe pegar de pronto e oferecê-lo. Paris nunca se acaba. Não sei se o lerei alguma vez. O título basta-me.
Acontece-me bastar-me muito pouco dos livros. Por exemplo, com Moby Dick de Hermann Melville. Há dez anos li o primeiro capítulo em inglês. Call me Ismael... Esta revelação na primeira pessoa foi maravilhosa, não sei dizer, mas ía desmaiando. O tom… o tom… há ai um tom que me encantou. Para além de outras coisas, nomeadamente, gostei muito da correspondência que faz da água com a meditação. Cada vez que peguei no livro para continuar a leitura, lia o primeiro capítulo. Fiz mais umas poucas tentativas na altura, e era sempre o primeiro capítulo. Foi um magnetismo inultrapassável. E nunca lerei aquele romance.
Lisboa nunca se acaba.
Só acaba o que começa. É um facto.
E mais um eléctrico...
um canto, um pedaço de Lisboa,
se mostra.
A varanda do São Carlos, as escadinhas ao fundo
O sol que me atravessa e me chama a levantar o rosto,
e a olhar os telhados, e as sombras,
as árvores, as cores, destas folhas que leio
e os carros que passam, e as pessoas que descem as escadas…
Ai. O céu, este céu,
e esta brisa. É Primavera!
Passa um eléctrico…
Respiro fundo.
Não há momento em que Lisboa vibre
que não vibre também Pessoa.
É uma Lisboa revisitada
em cada contemplação e pausa.
Os pássaros a comporem voos...
E mais um eléctrico que passa.
Tudo isto se passa sem o som do que vejo.
Apenas no silêncio do olhar
em que escuto Lisboa lá fora a bater aqui dentro.
Há um livro de Enrique Vila-Matas que eu nunca folheei,
a primeira vez que me apanhou numa livraria foi para lhe pegar de pronto e oferecê-lo. Paris nunca se acaba. Não sei se o lerei alguma vez. O título basta-me.
Acontece-me bastar-me muito pouco dos livros. Por exemplo, com Moby Dick de Hermann Melville. Há dez anos li o primeiro capítulo em inglês. Call me Ismael... Esta revelação na primeira pessoa foi maravilhosa, não sei dizer, mas ía desmaiando. O tom… o tom… há ai um tom que me encantou. Para além de outras coisas, nomeadamente, gostei muito da correspondência que faz da água com a meditação. Cada vez que peguei no livro para continuar a leitura, lia o primeiro capítulo. Fiz mais umas poucas tentativas na altura, e era sempre o primeiro capítulo. Foi um magnetismo inultrapassável. E nunca lerei aquele romance.
Lisboa nunca se acaba.
Só acaba o que começa. É um facto.
E mais um eléctrico...
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6 comentários:
Há 500 anos atrás, Lisboa era uma grande Avenida da Ribeira das Naus. Agora é um grande aeroporto. Como o mundo é tentador, convidativo quanto visto de Lisboa ...
Como a América vista da aldeia de Alberto Caeiro ...
Luísa, partilhamos a mesma paixão por Lisboa, que sinto como a mais bela cidade do mundo. Sinto tudo o que sobre ela escreveste. Lisboa é bela para além do dizível e encerra um enigma fundo e tremendo, que simultaneamente fere e gratifica.
Ai, a luz de Lisboa a lamber o Tejo... luz única e tremendamente forte, que não é a do Norte nem a de África, lua apelo, luz viagem...
Um navio que parte da alma e se demora com as naus de ontem e de sempre... Os porões cheios de sonho que o rio insone leva e traz...
Onde as almas são naus
E o mar caminho...
Obrigado por trazeres Lisboa para ao pé de mim...
Lisboa, narinas da Europa ...
Belo poema, cheio de instantes e momentos.
O poema surge de uma frase, de uma piscadela, de um simples estar. Chama-me Ismael!, e tudo surge a partir de aí.
Bom fim de semana
A vossa vinda e partilha inundou-me de azul o Tejo,
que e.moção…
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