segunda-feira, 3 de março de 2008
sobre Iniciação
O jejum ritual da Quaresma tinha por objectivo ajudar os homens a expulsar dos seus templos internos as bestas que se tinham alojado neles. Simbolicamente as bestas são os desejos encerrados na natureza humana. Parece-me que a Páscoa é um período potencialmente iniciático. Morrer... Ressuscitar...
Será que vos interessa falar um pouco sobre Iniciação…? …
Deixo-vos o extracto de um texto que traduzi ontem…
"Interiormente, o candidato a uma sã iniciação dirá: “Não há senão uma só pessoa sobre a terra e nos céus que deve ainda progredir: eu, só eu. A humanidade, que na verdade é o resto de mim mesmo, nunca esteve tão perfeita como neste instante onde eu percepciono todas as minhas imperfeições, as minhas memórias penduradas no meu futuro; e nunca tive tanto progresso a fazer sobre a via d’Amor como neste dia.
(…)
Aquilo que me aparece imperfeito no Outro não é senão o fruto do meu egocentrismo; da mesma maneira, vejo claramente, enfim, que tudo o que se armazena no passado é-o, porque criado no futuro pela distorção egocêntrica do meu presente. As bases iniciáticas são, enfim, claras. (…)
Compreendi por fim que quanto mais me aproximo da luz dos espíritos mais a sombra desta luz aumenta e cobre os objectos dos meus pensamentos. Agora sei que a luz é geradora de estagnações tenebrosas, de infelicidades infinitas para o homem. A Casa do Ser verdadeira não pode ser senão uma Casa de Fogo e não somente de luz espiritual.” "
Tony Ceron
Será que vos interessa falar um pouco sobre Iniciação…? …
Deixo-vos o extracto de um texto que traduzi ontem…
"Interiormente, o candidato a uma sã iniciação dirá: “Não há senão uma só pessoa sobre a terra e nos céus que deve ainda progredir: eu, só eu. A humanidade, que na verdade é o resto de mim mesmo, nunca esteve tão perfeita como neste instante onde eu percepciono todas as minhas imperfeições, as minhas memórias penduradas no meu futuro; e nunca tive tanto progresso a fazer sobre a via d’Amor como neste dia.
(…)
Aquilo que me aparece imperfeito no Outro não é senão o fruto do meu egocentrismo; da mesma maneira, vejo claramente, enfim, que tudo o que se armazena no passado é-o, porque criado no futuro pela distorção egocêntrica do meu presente. As bases iniciáticas são, enfim, claras. (…)
Compreendi por fim que quanto mais me aproximo da luz dos espíritos mais a sombra desta luz aumenta e cobre os objectos dos meus pensamentos. Agora sei que a luz é geradora de estagnações tenebrosas, de infelicidades infinitas para o homem. A Casa do Ser verdadeira não pode ser senão uma Casa de Fogo e não somente de luz espiritual.” "
Tony Ceron
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18 comentários:
A Iniciacao e olhar frente a frente os monstros que temos dentro de nos e a ama-los, pois eles sao os nossos maiores mestres.
E olhar para a nossa vida sem lentes cor-de-rosa.
Ao amarmos os montros que temos dentro de nos, eles tranformam-se em seres de luz, como na fabula do sapo que se tranformou em principe depois de ter recebido o beijo de uma bela princesa.
Luisa, onde e que se pode encontrar este texto? Sabes de algum livro em Portugues ou Ingles deste autor sobre Iniciacao?
e quando ficarmos livres dos desejos e formos um com o mundo e as ondas do mar cantarem os nossos sonhos, então e aí, quando nada resta fazer, o que será de nós, o que será do mundo?
ai minha Querida, tenho a impressão que só nos restará aprender a morrer!
^_^
de Alegria!
BonDia Ana,
Olhar os monstros de frente e amá-los é um verdadeiro poço iniciático. Antes de descermos, os monstros metem medo, o primeiro degrau transposto e logo o medo toma outras feições: o que antes escurecia agora alumia. À medida que aprofundamos os monstros não desaparecem, apenas se vêem melhor, cada vez melhor, até se verem tão bem que afinal já são outros monstros... (e fico-me por aqui agora, no sétimo degrau)
Eu tenho apenas algumas páginas copiadas de um livro de Tony Ceron, de onde retirei este trecho. É um livro de FitoEspagiria, escrito em francês.
Luar,
Aprender a morrer sim. de Amor.
"Aprender a morrer": mas de que falam vocês !?... Que somos senão mortos, sombras jazentes de uma possibilidade abortada !?
O que eu quero dizer com morrer é deixar de ter medo. Quando uma pessoa deixa de ter medo desaparece, vai à vida como os Mão Morta e tantos outros. Esfuma-se na imensidão, na aventura. Aquilo que conta para ela é já não a memória do passado ou a expectativa do futuro mas o único presente. Sem passado nem futuro desaparece como pessoa, para se tornar pura viagem. É uma cena de pura Alegria, um gesto de Amor. Não tem nada a ver com possibilidades perdidas e saudades e coisas tristes do género!
Sem a tristeza onde a alegria ? A verdadeira e única iniciação é a saudade, a alegria triste.
pois... eu "esgotei" isso da experiência da saudade, já andei anos seguidos a ouvir coisas estilo Madredeus e o seu "Mar", e foi muito giro!!! :) a tornar presente o Ausente, etc, isso tudo!, mas foi muito... e cansei-me e desiludi-me (felizmente!) ... mesmo, muito, muito, muito... totalmente! agora gosto muito mais do "não há nada a perder, não há nada a ganhar, ser presente é esplendor". tudo está dentro de nós! ^_^
A saudade dos Madre de Deus é a saudade lírica, soft... humana, demasiado humana... Refiro-me à saudade / cisão dolorosa e jubilosa, ao excesso e vertigem abissal que habita as entranhas do mundo e que dilacera Deus, o absoluto, tudo... E que quer morrer, matar-se, sem jamais o poder !...
Uhauu! Isso parece giro, mas nunca senti. O que é isso, podes dar um exemplo ou assim (que indique uma forma de ter ou poder vir a ter essa experiência)?????? Estou curioso!!! :)
(mas espera... é óbvio que os Madredeus têm raiz mística, o amante físico é apenas uma porta para uma saudade de outra dimensão, mas tudo isso já estava implícito no que disse acima! Explicitamente: Não há nenhum Deus nem nada a atingir para além do Eterno Presente.)
Eu também já estive nessa do estar tudo no instante presente e dentro de nós, nada a perder nem a ganhar, etc., etc... É a conversa da New Age e dos demónios passados à reforma da santidade... Mas fartei-me... Dava-me muito sono e, da intensidade e transcendência da vida, em rasgo e fúria, nada !... Pelos vistos vamos em sentidos diferentes...
Ah!! Acho que já tou a perceber (sorry pela profusão de comentários!)
Essa vontade de morrer (bem patente para quem a souber ver no filme Mar adentro de Amenábar) é uma ilusão porque a própria vida é uma ilusão. Como já disse neste blog, nenhum de nós existe ao ponto de poder morrer. A nossa identificação com a máscara ou a roupa que é o nosso corpo, crenças, vontades, etc, é que gera essa ilusão de estarmos separados do todo.
quando percebemos que não existimos (ver a música da regina Daniel Cowman - I don't exist) deixa de haver saudade, porque já somos, já estamos, já beijamos o nosso Amado Absoluto em cada momento da nossa Existência e não podia deixar de ser de outra forma.
Pelo menos é a minha opinião!! ^_^
"vamos em sentidos diferentes", bem talvez então eu me canse também deste ciclo e volte à saudade!! Era fixe se nos encontrássemos por lá mas pelo menos vai este "olá" pelo caminho!! Obrigado pela partilha! :)
Sei tudo isso, que tudo é ilusão... Mas o que quero dizer é que descobri ser isso que verdadeiramente importa: a ilusão, a grande ilusão, a energia da manifestação que rompe o nada e escapa a todas as qualificações, podendo assumir todas as formas... uma das quais é a de viver o instante presente... igualmente ilusória e, a meu sentir, menos interessante, se menos intensa que as suas irmãs-gémeas feitas de memória e desejo do impossível!...
Uahuuu Saudoso! Se estivéssemos agora numa conversa pessoal já não te largava enquanto não me mostrasses a importância da "energia da manifestação que rompe o nada e escapa a todas as qualificações, podendo assumir todas as formas".
Percebo tudo o que dizes menos isso da importância. Porque é que é importante? Mas bolas! Não é uma conversa ao vivo e tenho a impressão que te vais escapar com essa iguaria! Se não quiseres escrever para aqui escreve-me para o meu mail: pedro.totoro @ gmail.com
Mas não me deixes assim tão sequioso!!
Obrigado! :)
Caro Luar Azul, desculpa não haver respondido logo. Faço-o agora, para te confessar uma coisa: não fui plenamente honesto contigo. Na verdade, tomei-te como pretexto para incarnar e dialogar com um outro lado de mim, metade ou mais, que vê e é praticamente tal como tu dizes ver e ser... Apeteceu-me assumir um outro lado de mim, em oposição e revolta contra esse... Na verdade, são estas as águas em que me movo: viver o instante, livre de ilusões, mas, quando isso se torna monótono, regressar à ilusão, sabendo que é ilusão, usando a sua energia dilacerante para encontrar a intensidade da ruptura que necessito... Essa ruptura pode ser a saudade, a inquietação que dilacera Deus e tudo quanto é, pelo simples facto de ser, pois ser é ser algo e logo prisão e limite... Procuro todavia fazê-lo conscientemente, sem deixar que a ilusão me enrede de todo, de modo a dela sair para a paz do instante presente quando quiser... Claro que este jogo tem os seus riscos, de cair num dos extremos, esquecendo o outro... Mas que somos senão risco e aventura !?
Mas desculpa, a sério... apesar de ter tido a sua piada.
Ah! Saudoso! Até pareces o mesmo lado de mim!! ... que abraço tão Grato (de cumplicidade) te envio ... ^_^
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