O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

VERTIGO ou Que horas são dentro de mim?

(...) lisboa é feita de fios de sangue
de províncias
de esperas diante dos cafés
de vazio sob um céu plúmbeo que ensombra
os jardins de estátuas partidas
há um pressentimento de sono sem fim

refugias-te num quarto de pensão e dormitas

o dia todo _ para que lisboa te esqueça

AL BERTO, Horto de Incêndio

2 comentários:

Anónimo disse...

Queria-te encontrar num quarto de pensão
em Lisboa
capital do Nada
e das coisas oblíquas

para não dormir eternamente
na cidade do esquecimento

Paulo Borges disse...

Vertigo: Dentro de nós batem em simultâneo todas as horas, na Hora-instante que suspensa anula toda a memória e todo o desejo, toda a saudade.
Desce ao fundo do coração e nele escutarás, como num silêncio murmuro, todos os cantos, vozes e gritos do mundo.