O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

reflexos da Reflexão

Neste ciclo que recomeça
em movimentos inquietos de renovada esperança...
caberá partilhar apontamentos de reflexão
com R. Panikkar no âmbito da 'sua' espiritualidade cosmoteândrica:
  • Que essa 'intuição' deve emergir espontaneamente. Para isso requere-se uma nova inocência.(...) O seu solo apropriado é o mito.
  • Tal espontaneidade supõe autonomia relativamente a sistemas filosóficos e fixações científicas... dentro do possível mas aVenturando caminhos no Impensado (ousa-se agora...)
  • Terra e Homem: duas alteridades a compreenderem-se em suas especificidades. A relação com a Terra é parte da auto-compreensão da humanidade - de Humanização da humanidade num mover espiralado.
  • Não existem salvações individuais: há que ser lúcidos e conscientes da necessidade de incorporar o destino da Humanidade e da Terra num singular destino - celectivo e individual... em reciprocidade.
  • ... E todas as nossas acções e pensamentos - menores e maiores - contribuem para esse movimento de contínua sublimação e espiritualização...
  • ... Que procura superar a suposta dualidade entre 'misticismo natural' (união com o Mundo) e misticismo teísta (união com Deus) comprometendo e abraçando toda a realidade na mesma aVentura.
  • .... E sarar a ferida aberta no homem (e pensamento) moderno: o abismo entre o material e o espiritual, secular e sagrado, interior e exterior, temporal e eterno. Não se tratando de desvanecer as diferenças, mas de entender que o homem não tem dupla cidadania - uma aqui em baixo e outra lá em cima, ou para depois... Ele ou ela , aqui e agora, habitante de uma realidade autêntica, povoada por muitas moradas e sugerindo várias dimensões... O serviço à Terra é um serviço divino, assim como o amor de Deus é amor humano.
  • 'Tudo o que nos resta é expressá-lo nas nossas próprias vidas'

(com adaptações, algumas notas 'epilogais' da obra de Raimon Panikkar - Intuição cosmoteândrica, a religião do terceiro milénio)

1 comentário:

underground2 disse...

.... E sarar a ferida aberta no homem (e pensamento) moderno: o abismo entre o material e o espiritual, secular e sagrado, interior e exterior, temporal e eterno.

Vem-me à ideia, a dor de que todos padecemos, pelo facto de, o eu isolado se encontrar separado do todo do qual fazemos todos parte, remetendo-nos p/ a caminhada (necessária) espiritual, a fim de que, possamos tomar consciência desse todo partindo do ser primitivo que fomos p/ o Ser “Iluminado” que um dia seremos; aquilo que Mª Fávia de Monsaraz apelida de Projecto Crístico da Humanidade.