O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Erguendo-se em silêncio
Aí vem a vasta ,cava, vaga
Elevando-se do sombrio azul do mar...
...Por um momento hesita,...
Pouco antes de na falésia se despedaçar.
Pulverizada em alvura de néon,
Torna-se fluída, perde a forma.
Estilhaçada em vento se apaga,
Sonha ser promiscua e tudo enlaçar.
Estica-se, salpica-me para logo expirar.
Olho-a enquanto desaparece...agora vejo-a,
Por ela rasgo até as asas,
Sou oca, plena e vaga,
Entendo o encanto de querer ser ar,
Somente AR... Perco os olhos...
Sou sopro capaz de tudo abarcar
Absolutamente vivo e transparente...
Livre p’ra tudo sentir,
Livre p’ra me arremessar.

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