O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Tudo o que se diz e escreve nada mais faz do que calar o silêncio

7 comentários:

baal disse...

calar a silêncio que muitas vezes é ensurdecedor.

Anónimo disse...

Muito me tocou o teu comentário, baal!
Dou-te a mão... e calo-me no meu silêncio,

João de Castro Nunes disse...

Calar o silêncio... não será pô-lo a falar?!... JCN

Anónimo disse...

É mesmo, JCN!
E se pusesses o Silêncio a falar?... para dentro?

Bom dia a ambos os silênios os calados e os faladores...

Anónimo disse...

Esqueci-me e isto é importante, pois que não nos estamos a ver, de colocar um sorriso no final do meu comentário. Que significa apenas isso, um sorriso de gentileza, boa disposição e aceitação do outro.
Ponho-o agora, duplo: :))

Julio Teixeira disse...

Ouvir no silêncio o que nos diz o silêncio para esquecermos quem fala ou escreve sem dizer nem escrever nada?

Julio Teixeira disse...

O Poema do Silêncio
O universo é uma poesia:
É o Verso do Uno.
Cânone universal de infinitos códigos genéticos
A semente de astros e estrelas.
O verbo na sua primitiva expressão.
Não, não verbo como voz!
O som viria depois.
Em primeiro lugar veio a ação.
Bilhões de anos após viriam os terráqueos,
E de um arquétipo raiz fez-se carne.
Além da animal...
A forma humana e o princípio do gênero:
Masculino e feminino... Universal.
Já agora de azul e branco escolar
Donzelas, belas, perfumadas e rapazes
De todas as raças e cores.
Para além castas, classes, proletários ou burgueses...
Mas, passando, certamente passando...
E a transformação celular envelheceu a forma
E veio a morte.
Morte? Passagem?Transformação!
- Grita o poeta! Transformação!
E então para além morte a poesia... Permanece.
Caso acaso o poeta tenha ido além...
Para além muito além de um fingidor
E em cânone universal,
Fluência verbal edificada, a tenha esculpido.