O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quarta-feira, 15 de julho de 2009

“Não posso estar em parte alguma. A minha / Pátria é onde não estou [...]"

- Álvaro de Campos, Opiário.

6 comentários:

Paulo Feitais disse...

e a Língua é uma pátria de exílio: a alvenaria do dito é constringente, objectualiza. No fundo a Pátria é tudo aquilo de que não precisamos, as suas fronteiras são a orla da praia do oceano do que não nos necessita, nem necessita de nós.
A escrita, como bem sabia Platão, é a arte suprema do esquecimento. As palavras estão a boiar sobre uma película de incerteza, por baixo o abismo do que não pode ser visado pelo dito, a mutez caótica que imunda o mundo, ou que o mundo imunda, inundando-nos de tralha e fixações...
:)

ou seja disse...

Não posso estar em parte alguma. A minha pátria é onde não estou.

Ou seja: a pátria dele é todo o lado.

ou disse...

A minha pátria é onde sou, quer não esteja em lado nenhum, quer esteja em todo o lado.

platero disse...

ou António Variações?

aprendi a gostar dele como poeta sério.
abraço

Paulo Borges disse...

A minha Pátria é a vacuidade.

Anónimo disse...

Tens sorte.