O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quarta-feira, 22 de julho de 2009

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A brisa num poema

A tarde delicada em alfazema

Todas as palavras são incertas

As frases no imenso estão desertas

O silêncio a verdade impura

A escultura de mim no mármore da escrita

Soltura de versos abertos

No fogo da expiação da loucura

Ilusão ou impiedade maldita

Todos os erros na errância são certos

Como de purpurinas inconstantes

Nos enfeita o desejo

Como se ajeita a perdição dos errantes

Tão certa tão ritmada com o vagar das estrelas

Que todo o mundo se perde por um beijo

E a vida toda toda acesa por demais

As saudades e os cadernos de folhas amarelas

Partir partir sem a completude de um cais

São desiguais os dias todos tão iguais

Perdem-se as alegrias por medo de perdê-las

4 comentários:

Paulo Borges disse...

"Perdem-se as alegrias por medo de perdê-las": certeiro!

Abraço

Falha disse...

"Todas as palavras são incertas

As frases no imenso estão desertas"

Gosto.

Isso, sim disse...

"São desiguais os dias todos tão iguais"

mauzinho disse...

"Ilusão ou impiedade maldita"