O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Reprimir

Há que reprimir
tudo para dentro
até não existir dentro
tudo bem apertado
para não sair
é uma arte
há que limar bem limado
para não sair para fora
fácil é sair para fora
tudo à toa
como fazem os incontinentes
aqui há que apertar o rabo
e afigura-se isto até mais fácil
do que deixar sair
a deixar sair haveria critério de saída
qualquer coisa, de determimada forma, sairia.
Assim, reprimindo tudo para dentro,
não se faz coisa sequer
não compromete
e até nem enche
e com o tempo dizem que explode
mas são mitos.
Há que saber reprimir.

2 comentários:

Paulo Borges disse...

Grato, Rita, pela constante surpresa destes textos, que saem para fora de tudo, mesmo quando, como é o caso, a tudo reprimem e comprimem para dentro!

Anónimo disse...

Venha daí a Repressão! O que faz falta é reprimir a malta!