O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


domingo, 12 de outubro de 2008

Pássaro de fogo




De acordo com a mitologia grega, Fénix é um pássaro que renasce das próprias cinzas. O poeta Alcides Buss, mestre em evocar belas imagens, não podia ter escolhido melhor metáfora para dar nome ao seu mais recente livro de poesia: Cinza de Fénix & Três Elegias. A obra, recém-lançada pela Editora Insular, de Florianópolis, reúne poemas que são como “cinzas”, resultantes não apenas de “lampejos” de imaginação, como também de um lento processo de “fundição”, em que o autor procurou (como sempre o fez) dar a melhor forma a suas ideias e palavras. O resultado, forjado com a chama quente da poesia, é o que o crítico Marco Lucchesi considera “o melhor livro de Alcides Buss”. A primeira parte do livro de Alcides, O Poema, consiste numa bela e criativa utilização do recurso da metalinguagem, em que o autor procura, através da própria poesia, definir o que é o poema. A diversidade das respostas apenas reflecte as infinitas possibilidades do que pode significar a poesia. Para Alcides, entre muitas outras coisas,

“ O poema é a cinza

de Fénix que a alma

de alguém transforma

em sonho e transforma

em corpo e depois em luz.”

3 comentários:

Paulo Feitais disse...

Fiquei entusiasmado!
E sempre gostei do simbolismo da Fénix. E quero aqui lembrar o cancioneiro da Fénix Renascida, disponibilizado pela Biblioteca Nacional (http://purl.pt/261).
A poesia encarada como uma sublimação da vida sobre a morte, uma entrega à consumação do Fogo, elemento teúrgico por excelência, porque consuma consumindo.
Um abraço!
:)

Semente disse...

Renascer das cinzas!

Ora aí está uma óptima sugestão!
Obrigada amigo Vergílio! Assim que tenha oportunidade, vou tratar de ler este livro.

Da próxima vez que eu renascer, em vez de Sereia* talvez possa ser Fénix... ou apenas tartaruga...

:)

rmf disse...

Paulo, muito obrigado pela referência que aqui deixaste. Acabei de a consultar... muito por cima, ainda.... Aliás, agradeço mesmo!!

Menina Sereia*, vamos lá a renascer!! Com a certeza de que das cinzas, só a Fénix voará, muito para além deste azul que tomamos como céu... universal, porque não é só meu :)

Mas porque não tartaruga? Ora aí está uma história que ninguém contou...
Se é o tempo que nos escapa, eu gostaria de ser outro bichinho, mais pequenino... e em adulto perguntaria à sequoia anciã o porquê de me chamarem efémera.

Aos dois, Abreijos!!