sexta-feira, 31 de outubro de 2008
Dos Arquétipos do Ideal Português às Instâncias da Realização de Si - IX
Amor
O Amor descobre-se na metamorfose do desejo que, querendo tudo, pode sentir que afinal nada lhe falta, nem o nada. E assim morre, saciado antes de comer. Como moribundo que no derradeiro momento vê que nunca realmente existiu. E o não carecer torna possível tudo e todo se dar. Como a Origem, que esplende imparcialmente, ou seja, íntegra e total, em todas as coisas. Que nem sequer ama, pois é Amor. Abertura primeira e natural, nudez esplendorosa que em si tudo irmana e coliga.
Só por amor se a descobre e só por amor tem sentido o regresso. O regresso sem retorno a todas as pátrias abandonadas. Enquanto nelas houver quem não tenha feito a viagem. Enquanto nelas houver quem não haja ressuscitado no antes de haver nascimento e morte. Enquanto houver saudade sem força para que se mate. Enquanto in-ex-istir alguma coisa. Enquanto houver pátrias, ou seja, apego a acampamentos na vastidão do Infinito que a cada momento se não levantem para ir mais além.
Só por amor, que é levar todos a fruírem o Tudo-Nada que se descobre, faz sentido falar de razões, sentidos e fins. Estratégias e ardis para levar os sedentários a fazerem-se ao mar-oceano de si mesmos. Jangadas, frágeis barcas que o mar se encarregará de devorar, sorvendo a todos a pique para o sem fundo e sem princípio nem fim de tudo.
Só por amor, e só por Amor, há Império.
O Amor descobre-se na metamorfose do desejo que, querendo tudo, pode sentir que afinal nada lhe falta, nem o nada. E assim morre, saciado antes de comer. Como moribundo que no derradeiro momento vê que nunca realmente existiu. E o não carecer torna possível tudo e todo se dar. Como a Origem, que esplende imparcialmente, ou seja, íntegra e total, em todas as coisas. Que nem sequer ama, pois é Amor. Abertura primeira e natural, nudez esplendorosa que em si tudo irmana e coliga.
Só por amor se a descobre e só por amor tem sentido o regresso. O regresso sem retorno a todas as pátrias abandonadas. Enquanto nelas houver quem não tenha feito a viagem. Enquanto nelas houver quem não haja ressuscitado no antes de haver nascimento e morte. Enquanto houver saudade sem força para que se mate. Enquanto in-ex-istir alguma coisa. Enquanto houver pátrias, ou seja, apego a acampamentos na vastidão do Infinito que a cada momento se não levantem para ir mais além.
Só por amor, que é levar todos a fruírem o Tudo-Nada que se descobre, faz sentido falar de razões, sentidos e fins. Estratégias e ardis para levar os sedentários a fazerem-se ao mar-oceano de si mesmos. Jangadas, frágeis barcas que o mar se encarregará de devorar, sorvendo a todos a pique para o sem fundo e sem princípio nem fim de tudo.
Só por amor, e só por Amor, há Império.
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10 comentários:
Estratégias e ardis, sim, tudo são estratégias e ardis: uns libertam, outros escravizam; os que libertam de si libertam; os que escravizam, a si escravizam. Enquanto houver ideia de alguém a libertar ou escravizar, de libertação ou escravidão. Findo isso, acabam-se todas as estratégias e ardis. E é aí que tudo começa: Amor?
Está a chegar o fim de semana: para quê pensar tanto?
a ideia meramente conceptualizante de que "as estratégias e os ardis só acabarão quando deixar de haver a ideia de alguém a libertar ou escravizar" também se pode transformar num perigoso e muito dissimulado ardil, talvez o mais perigoso deles todos...
É verdade, caro anónimo, sobretudo para os egos que se vêem a si próprios como pertencentes ao Partido da Verdade e que consideram todos os que pertencem aos outros Partidos como os pobres iludidos que andam todos às escuras...
Hoje não comento. Transcrevo um poema de Amor (lindo) e para me redimir de não ter escutado falar de Pedro e Inês (sorrisos). O poema é de Jorge de Lima e é assim:
"Estavas, linda Inês, nunca em sossego
e por isso voltaste neste poema,
louca, virgem Inês, engano cego,
ó múltipla Inês, subtil e extrema,
ilha e mareta funda, raso pego,
Inês desconstruída, mas eurema,
chamada Inês de muitos nomes, antes,
depois, como de agora, hoje distantes.
(...)
Inês que fulge quando o dia brilha
ou se acinzenta quando o ocaso avança
rainha negra, mãe e branca filha,
entre arcanjos do céu etérea dança,
e nos dias dos mundos andarilha,
andar incandescente que não cansa,
poema aparentemente muitos poemas,
mas infância perene, tema em temas.
(...)
Existes, linda Inês, repercutida
nessa placa de sonho, nesse poema,
e tão lua dormida e coincidida
entre luares, de súbito diadema,
que a trajetória muda mais renhida,
e te refluis na vaga desse tema,
constante vaga, vaga em movimento,
pródiga e vinda como o próprio vento.
Inês da terra. Inês do céu. Inês.
Preferida dos anjos. Árdua rota,
conúbio consumado, anteviuvez.
Mas após amplidão sempre remota,
branca existência, face da sem tez.
Ontem forma palpável. Hoje ignota.
Eterna linda Inês, paz, desapego,
porta recriada para os sem-sossego.
(...)
Queimada viva, logo ressurecta,
subversiva, refeita das fogueiras,
adelgaçada como início e meta;
as palavras e estrofes sobranceiras
narram seus gestos por um seu poeta
ultrapassando às musas derradeiras
da sempre linda Inês, paz, desapego,
porta da vida para os sem-sossego."
O Poema, Interrogativo, diz que sim! O Amor é a porta da vida para os sem-sossego!
"O Amor é uma hóstia que deveríamos receber de joelhos."
Ajoelho-me.
Eu também... e que o Amor triunfe.
Há aqui pessoas muito inteligentes, mas não ao ponto de serem estúpidas.
aléluia! encontrei a minha casinha...
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