quinta-feira, 30 de outubro de 2008
Dos Arquétipos do Ideal Português às Instâncias da Realização de Si - VIII
Descobrimento
Des(en)cobrir pode ser mais do que desocultar: ver(-se) através do que cobre ou se encobre, revelar a transparência da opacidade ou, melhor, mostrar não haver opacidade que não seja transparente. Mas para isso é necessário haver ido já ao fundo sem fundo e ser-se já onde sempre se é: do outro lado do espelho ou do outro lado de haver lados. Ser-se já o País de todas as Maravilhas, de todos os possíveis e dos impossíveis possibilitados. Isso mesmo que somos. Esplendor e prodígio, glória e graça, maravilha fatal além de toda a idade.
Pois, bem vistos, que somos nós e tudo a 360 graus à nossa volta, desde o estarmos aqui até aos confins de não os haver, senão o esplendor desnudo de algo sem quê, porquê ou para quê ? Que causa, razão, sentido ou fim é maior do que a presença muda destes caracteres, écran ou sala na consciência de os haver ? A esta luz, que é maior que eu e tu, leitor ? Que princípio ou fim do mundo, que deus ou diabo, que louco ou sábio, pode acrescer ou tirar ao incriado de estarmos aqui ? À explosão silenciosa do mistério que somos ? À infinita volúpia de não haver uma partícula de poeira que não seja aquilo para além do qual nada mais há, aquilo maior do que o qual nada pode ser pensado ? De nada haver, para onde quer que se mova a nossa percepção, que nos não traga o sabor do infinito, com o travo à maresia do nosso tremendo naufrágio e salvamento ?
Dir-se-ia que perante o fulgor do Descobrimento nada mais resta. E todavia só agora tudo se inicia. Pois onde a terra acaba Amor começa.
Des(en)cobrir pode ser mais do que desocultar: ver(-se) através do que cobre ou se encobre, revelar a transparência da opacidade ou, melhor, mostrar não haver opacidade que não seja transparente. Mas para isso é necessário haver ido já ao fundo sem fundo e ser-se já onde sempre se é: do outro lado do espelho ou do outro lado de haver lados. Ser-se já o País de todas as Maravilhas, de todos os possíveis e dos impossíveis possibilitados. Isso mesmo que somos. Esplendor e prodígio, glória e graça, maravilha fatal além de toda a idade.
Pois, bem vistos, que somos nós e tudo a 360 graus à nossa volta, desde o estarmos aqui até aos confins de não os haver, senão o esplendor desnudo de algo sem quê, porquê ou para quê ? Que causa, razão, sentido ou fim é maior do que a presença muda destes caracteres, écran ou sala na consciência de os haver ? A esta luz, que é maior que eu e tu, leitor ? Que princípio ou fim do mundo, que deus ou diabo, que louco ou sábio, pode acrescer ou tirar ao incriado de estarmos aqui ? À explosão silenciosa do mistério que somos ? À infinita volúpia de não haver uma partícula de poeira que não seja aquilo para além do qual nada mais há, aquilo maior do que o qual nada pode ser pensado ? De nada haver, para onde quer que se mova a nossa percepção, que nos não traga o sabor do infinito, com o travo à maresia do nosso tremendo naufrágio e salvamento ?
Dir-se-ia que perante o fulgor do Descobrimento nada mais resta. E todavia só agora tudo se inicia. Pois onde a terra acaba Amor começa.
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2 comentários:
Para onde poderemos ir, após desencobrirmos ser o para além do qual nada mais há?
Se somos o além e queremos ir para algum lado, só nos resta derivar para aquém. Se somos o infinito e isso não nos satisfaz, essa não satisfação já é a finitude. Creio ser isso que explica termos nascido e estarmos aqui.
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