segunda-feira, 27 de outubro de 2008
Dos Arquétipos do Ideal Português às Instâncias da Realização de Si - V
Viagem
Viagem é nascer a cada instante para a eterna novidade de si e de tudo. Ser novo e outro a cada momento e queimar a ilusão do bilhete de identidade. Libertar-se da crença na permanência e na personalidade, ou seja, trocar as voltas ao tempo e à morte. Não ser um ser vivo mas a vida, não ser uma pessoa mas a per-sona através da qual ressoa a trans-pessoal verdade de todas as supostas pessoas e coisas, miríade de máscaras do carnavalesco bailado eterno do rosto único e infinitamente múltiplo de tudo.
Viajar é levar a in-ex-sistência à plenitude do possível a que saudosamente aspira, a experimentar tudo de todas as maneiras, no interior, no exterior e para além da ilusão de os haver. Sempre sem pressupostos, projectos ou planificações. Pois doutro modo não há viagem. Apenas turismo. Que é deslocar-se sem partir, levar as malas bem carregadas de si, simulação de ir a toda a parte sem jamais sair de lado algum.
A verdadeira viagem é a um tempo absolutamente irreversível, pois nunca se repete ou regressa a um único momento do que se vai sendo, e infinitamente reversível, pois a cada momento se reitera o e regressa ao instante sem determinação, ontológica, ôntica ou temporal, que permeia todas as configurações do existir. Livre vacuidade e vacância que tanto é possibilidade de autocriação, decisão e rumo novo, não condicionados pelas opções anteriores, como de arrebatadora suspensão de todo o ser, pensar, criar e agir, inebriada conversão do êxtase da ex-istência no ênstase da in-sistência, trespassando o fado do ser no mundo com plena liberdade de nele se reinscrever ou não.
Porém é da natureza dos opostos que coincidam, aquém ou além do arcanjo de espada flamejante da razão dualista, que só a si mesma impede o regresso ao paraíso de cada instante. A verdade da viagem é assim a verdade da saudosa in-ex-istência que somos: renúncia a tudo que seja menos que tudo e nada, festivo vínculo a todo o possível e ao impossível que o possibilita. Ser e sentir tudo de todas as maneiras, ser uno e múltiplo como o universo e, simultaneamente, fruir a irrealidade de tudo isso. Viajar e viajar-se infinitamente, com o reconhecimento pleno de nunca haver quem parta de, chegue a ou esteja em lado algum.
O que parte sem partir é a Nau.
Viagem é nascer a cada instante para a eterna novidade de si e de tudo. Ser novo e outro a cada momento e queimar a ilusão do bilhete de identidade. Libertar-se da crença na permanência e na personalidade, ou seja, trocar as voltas ao tempo e à morte. Não ser um ser vivo mas a vida, não ser uma pessoa mas a per-sona através da qual ressoa a trans-pessoal verdade de todas as supostas pessoas e coisas, miríade de máscaras do carnavalesco bailado eterno do rosto único e infinitamente múltiplo de tudo.
Viajar é levar a in-ex-sistência à plenitude do possível a que saudosamente aspira, a experimentar tudo de todas as maneiras, no interior, no exterior e para além da ilusão de os haver. Sempre sem pressupostos, projectos ou planificações. Pois doutro modo não há viagem. Apenas turismo. Que é deslocar-se sem partir, levar as malas bem carregadas de si, simulação de ir a toda a parte sem jamais sair de lado algum.
A verdadeira viagem é a um tempo absolutamente irreversível, pois nunca se repete ou regressa a um único momento do que se vai sendo, e infinitamente reversível, pois a cada momento se reitera o e regressa ao instante sem determinação, ontológica, ôntica ou temporal, que permeia todas as configurações do existir. Livre vacuidade e vacância que tanto é possibilidade de autocriação, decisão e rumo novo, não condicionados pelas opções anteriores, como de arrebatadora suspensão de todo o ser, pensar, criar e agir, inebriada conversão do êxtase da ex-istência no ênstase da in-sistência, trespassando o fado do ser no mundo com plena liberdade de nele se reinscrever ou não.
Porém é da natureza dos opostos que coincidam, aquém ou além do arcanjo de espada flamejante da razão dualista, que só a si mesma impede o regresso ao paraíso de cada instante. A verdade da viagem é assim a verdade da saudosa in-ex-istência que somos: renúncia a tudo que seja menos que tudo e nada, festivo vínculo a todo o possível e ao impossível que o possibilita. Ser e sentir tudo de todas as maneiras, ser uno e múltiplo como o universo e, simultaneamente, fruir a irrealidade de tudo isso. Viajar e viajar-se infinitamente, com o reconhecimento pleno de nunca haver quem parta de, chegue a ou esteja em lado algum.
O que parte sem partir é a Nau.
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3 comentários:
A filosofia portuguesa vive de paradoxos?
O que é que eu ando aqui a fazer?!
Como é que eu saio daqui?!
Talvez nunca tenhas entrado.
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