quarta-feira, 15 de outubro de 2008
Crise individualmente universal
"Parece que toda a gente está de acordo em que o mundo inteiro se encontra em crise. Como isto me parece demasiado vasto para eu poder ser útil, decidi que sou eu quem está em crise e talvez consiga sair dela com três princípios: o de me ver livre do supérfluo, o de não confundir o verbo amar com o verbo ter, o de prestar voto de obediência ao que for servir, não mandar.
(...) o que existe para o Universo de essencial: (...) as suas estruturas são feitas de e para o eterno, e basta apenas calar o momentâneo para que o intemporal surja; que basta distrair-se do que distrai para que a atenção se fixe no que vale; que basta suspender o esforço de nadar, boiando apenas, para que logo a corrente, mais poderosa, de nós se aposse e nos leve às praias de que apenas temos as saudades; as saudades mais do que os desejos.
De todos os hábitos que nos entregamos, um reina sobre todos os outros no que se refere a malefícios quanto ao mundo futuro. É o hábito de ter chefes. O medo das responsabilidades, o gosto de se encostar aos outros, o jeito mais fácil de não ter que decidir os caminhos fizeram que a cada instante lancemos os olhos à nossa volta em busca do sinal que nos sirva de guia. Quando surge uma dificuldade de carácter colectivo, a primeira ideia é a de que devia surgir um homem que tomasse sobre seus ombros o áspero martírio de ser chefe. Pois bem: pode ser que isto tenha trazido grandes benefícios em outras crises da História; (...). Mas, na presente, a verdadeira salvação só virá no dia em que cada homem se convencer de que tem que ser ele o seu chefe. Ou, dentro dele, Deus."
Agostinho da Silva
(...) o que existe para o Universo de essencial: (...) as suas estruturas são feitas de e para o eterno, e basta apenas calar o momentâneo para que o intemporal surja; que basta distrair-se do que distrai para que a atenção se fixe no que vale; que basta suspender o esforço de nadar, boiando apenas, para que logo a corrente, mais poderosa, de nós se aposse e nos leve às praias de que apenas temos as saudades; as saudades mais do que os desejos.
De todos os hábitos que nos entregamos, um reina sobre todos os outros no que se refere a malefícios quanto ao mundo futuro. É o hábito de ter chefes. O medo das responsabilidades, o gosto de se encostar aos outros, o jeito mais fácil de não ter que decidir os caminhos fizeram que a cada instante lancemos os olhos à nossa volta em busca do sinal que nos sirva de guia. Quando surge uma dificuldade de carácter colectivo, a primeira ideia é a de que devia surgir um homem que tomasse sobre seus ombros o áspero martírio de ser chefe. Pois bem: pode ser que isto tenha trazido grandes benefícios em outras crises da História; (...). Mas, na presente, a verdadeira salvação só virá no dia em que cada homem se convencer de que tem que ser ele o seu chefe. Ou, dentro dele, Deus."
Agostinho da Silva
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2 comentários:
Anita Silva disse...
"Mas os próprios mansos possuirão a terra e deveras se deleitarão na abundância de paz." (Salmo 37:10, 11)
E isto não é religião no seu sentido restrito, mas no seu sentido mais humano - assim o seja quem o leia.
(e a morte continua em guerra com a vida... que é)
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