O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quarta-feira, 24 de março de 2010

Do mundo entendo as pequenas coisas, os objectos
deixados ao esquecimento das ruas, a casa aberta por cima, as rosas
inclinadas para o pavor, o truque falhado do ilusionista.

Algures o silêncio forma o seu arquipélago, enche os poços
de ruínas e outros espasmos.
Num grito acerto o relógio da torre, mato a tirania dos gestos,
e o mundo
espanta-se com o tamanho da minha ausência.

1 comentário:

platero disse...

Bonito - como sempre

abraço