quinta-feira, 25 de dezembro de 2008
“Nós não desejamos ser poupados pelos nossos melhores inimigos, nem por aqueles que amamos do fundo do coração. Deixai, pois, que vos diga a verdade.
Guerreiros, meus irmãos, do fundo do coração vos amo. Sou semelhante a vós, sempre o fui. E sou também o vosso melhor inimigo. Deixai, pois, que vos diga a verdade.
(…) Que o vosso amor da vida seja o amor da vossa suprema esperança, e que a vossa suprema esperança seja o supremo pensamento da vida.
(…) Eu não vos poupo, pois vos amo do fundo do coração, guerreiros meus irmãos”
(Friedrich Nietzsche, “Assim falou Zaratustra”)
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10 comentários:
Lapdrey,
Vim agora à Serpente determinada a comunicar contigo. Desde o haiku que te quero falar e na verdade não tenho palavras, ainda. O que eu sinto frequentemente não me chega nas palavras do tempo, a tempo e a horas, quero eu dizer. Quero que saibas que te escuto, e que me escutes no silêncio quando puderes.
Vim agora à Serpente determinada a comunicar contigo. E deparo-me com esta imagem que é uma assinatura invisível, profundamente emocionante. Não quero falar mais.
Recebe um Abraço, Irmão Guerreiro.
Luiza, ambos sabemos (todo o poeta, ai, mais do que todos, o sabe): mais grita fundo o que, surdo, não seja dito, e muito mais ainda cala em nós quanto, dizendo, calemos.
Paradoxo do espelho de que somos mera hesitação entre imagem e seu reflexo.
Na verdade, como saberemos qual seja a imagem e o que dela seja reflexo?
Quantas vezes não vale mais o reflexo, do que o que nele se reflectiu?
Não ter palavras, amiga, é o estar de ser do poeta: isso, e só isso, faz que dele jorrem, não sabemos nós realmente de onde, essa sagração de ser, a que damos nome de poesia.
É isso esse “não ter palavras, ainda” de que falas – nisso somos o lugar, sempre único e raro, do que em nós morra, para que em nós a vida verdadeira sempre nasça. Esse, quiçá, o verdadeiro natal.
Como eu compreendo o de que falas! Esse "não chegar a tempo e a horas": em nós, na verdade, o tempo e a hora, o tempo e as horas, são coisas diversas.
Somos aqueles que têm duas margens, somos sobretudo aqueles que são as duas margens de tudo.
A nossa dor (e também a nossa mais completa alegria) é não conseguirmos jamais ser, por inteiro, o caudal que as ligue.
Cito-te, ao avesso das avessas: sei que sabes que escuto, e que no que falo escuto o silêncio sempre que ele em mim se consiga.
Quanto à imagem: ela é na verdade cega, e cega também de toda a cegueira.
Ela é o que somos: seres todos íntimos (porventura demasiadamente) uns dos outros, mais do que sabemos.
Ganhemos pois distância, no mesmo abraço em que repouso e sufoco em nós acontece – eis o lugar, inencontrável, que é a nossa eterna morada.
Não nos poupemos, pois, Luiza.
E deixemos, assim, que a verdade em nós fale, ou que para sempre se cale naquilo que dizemos.
Ela é o mesmo, sempre: linha sem lugar, do espelho em que, amiga, sempre nos reencontramos...
Irmão guerreiro,
não nos poupes então!
Seja feita a tua vontade se assim tiver que ser.
Brindo e saúdo a bela imagem que faz brotar as palavras e brindo e saúdo o contrário também. (a tal 'estória'...)
Que, inimigo nosso, sejas sempre guerreiro de ti, por ti e por nós.
Nós, teus irmão, seremos inimigos teus também nesta nossa guerra de vida. Por isso, caminhamos juntos nessa esperança de ir vencendo batalhas, de ir ganhando terreno.
terreno dentro e fora de nós mesmos.
ADOREI!
Feliz Natal para ti e para todos os teus*
No meu espelho não me vejo senão eu... ou o outro, através de mim.
É um paradoxo? hummm.... não sei.
Como vós dizeis, palavras para quê? E as palavras nem sempre (quase nunca) nos ajudam na tentativa de serem explicados paradoxos. A limitação do verbo.
No círculo da acção todo o verbo recria o que afirma, talvez eu vivesse sempre assim, só.
Só isso, nada mais.
A mensagem de “Assim falou Zaratustra” é... lá está, é um verbo!
O meu, agora, neste momento, é... um agradecimento, pela imagem, pelas palavras, pela tua pessoa! Pelas vossas pessoas!
- Ainda tenho o poema da Luíza à l'intérieur de ma boîte de réflexion... e, que lindo é esse poema.
Luíza, um sorriso :) -
Amigo Lapdrey, um abraço!
Por este mundo vivemos, na estrada nos encontraremos.
e nas estrelas nos (re)lemos...
Se não nos poupássemos não estávamos aqui e não haveria guerreiro nem combate, por mais nobres que sejam. Todos nos poupamos ao incêndio de Nenhures e por isso nascemos e morremos, ainda que meras brisas no espaço sopradas. Sermos apenas superfície dá-nos este ar da profundidade que, por nos ter, não temos.
Gostei, Gárgula!
Mas, parece-me, no que dizes ou deixas nisso implícito, mais razão e raiz dás ao que filosofa às marteladas.
Que cada eco destas - falo por mim e para mim apenas - seja como galo que canta, antes de haver traição a si mesmo por três vezes.
Traição a nós mesmos não tem, na verdade, remissão (como a dão outros redentores): fere em nós todo o que empós nos vem.
Concordância II:
Gostei, Gárgula!
E daí?
O absolutizar o pensar (sem oradicar no inabalável, se o há), ainda quando seja para dinamitá-lo, ainda assim o preserva: preserva-o de no-lo terem podido dinamitar, e não terem.
O que nunca será, meu caro, sempre poderá vir a ser. Ainda que não o possa.
Exactamente por isso: porque sempre pode querer poder.
Aí ocorre a martelada... na bigorna do ser... no que mais haja...
Martelemo-nos!
You first, anonymous!
You're the hammer man round here, right?
We're safe therefore...
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