segunda-feira, 22 de dezembro de 2008
Natal
Desnudas-te em fogo e nasces Deusa no berço das minhas mãos. Ajoelho-me ouro, mirra e incenso. É Natal.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Um espaço para expressar, conhecer e reflectir as mais altas, fundas e amplas experiências e possibilidades humanas, onde os limites se convertem em limiares. Sofrimento, mal e morte, iniciação, poesia e revolução, sexo, erotismo e amor, transe, êxtase e loucura, espiritualidade, mística e transcendência. Tudo o que altera, transmuta e liberta. Tudo o que desencobre um Esplendor nas cinzas opacas da vida falsa.
"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".
"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"
- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente
Saúde, Irmãos ! É a Hora !
Se estiver interessado em Cursos de Introdução à Meditação Budista e ao Budismo, bem como sobre outros temas, como Religiões Comparadas, Fernando Pessoa, Mestre Eckhart, Saudade, Quinto Império, contacte: 918113021.
18 comentários:
Muito bonito!Dourado e sedutor. Eleva à Contemplação
Maravilhoso!
Este, sim! É Natal e Quinto Império.
apaixonado...adorei!
Poeta!!
..."ajoelho-me (em) ouro, mirra e incenso"...
É com grande e intenso júbilo que te recebo... Feliz Natal, Casto Severo.
se ajoelhou tem de rezar - gabriel o pensador
Bom Anónimo, o ajoelhar não tem que ver directamente com o ajoelhar, meu caro, coisa que é sobretudo ocidental e mais sobretudo catolico-romanamente cristã.
A maioria dos povos, ou ora de pé, ou prostrado. Coisas bem diferentes.
O ajoelhar é coisa que decorre antes da honra, preito, obediência ou vassalagem que a algo ou alguém se preste ou queira vir a prestar.
Não confundamos, porém, o calo no joelho com o ardor no coração: assim também não confundiremos certas práticas, que apenas comprometem quem as queira manter, com o uso que se dê à prática de amiúde ser nobre no sentir, pensar, falar e agir, e jamais ser submisso a algo que não a nossa própria honra de ser.
Tal como alguém escreveu: importa-nos sempre estar "de pé, sobre os joelhos".
De novo: ..."ajoelho-me (em) ouro, mirra e incenso"...
Perante o Sem Nome, mas não anónimo, estou de pé, ainda que prostrado, tal como me prostro perante uma flor, que a Esse mesmo glorifica... no simples ser, de estar sendo... ela mesma, natal de si...
maravilhoso, Laprey, arrependi-me da brincadeira com este excerto:
"Perante o Sem Nome, mas não anónimo, estou de pé, ainda que prostrado, tal como me prostro perante uma flor, que a Esse mesmo glorifica... no simples ser, de estar sendo... ela mesma, natal de si..."
(só fiquei na dúvida do "estar sendo,...ela mesma, natal de si...")
que o Bem o proteja sempre em Sabedoria e Amor!
Vocês não se curam!?
Não, Dr, o que cura não carece de cura.
Besides, we feelgood, Dock!
Caro Anónimo, necessidade alguma de “arrependimento”, aqui. Ao menos de tal jaez.
Baste-nos o “arrepio”, para o arrepiarmos caminho…
Por vezes, até o excesso e a brincadeira leva as coisas a um limite que lhes estilhaça a casca com que as atamancamos habitualmente da "patine" de inutilidade.
Sendo o caso, aqui faço o mea culpa.
Quanto à sua perplexidade em relação à flor "estar sendo, ...ela mesma, natal de si...", direi talvez o seguinte.
O "estar-sendo" do ser da flor “passeia-a” no tempo, qual seu perdurar no a-parecer do que nela jamais se mostra ou mostrará: propriamente, o Ser, o insondável de si.
No fio do tempo por que ela passa, repassa-a o incessante "fractal" de mutação vital a que ela está intrinsecamente sujeita, no contexto do Todo do "organismo" da Vida.
Na contemplação da natureza, como ela se nos dá, espelha-se em nós algo de nós mesmos, enquanto dadores de sentido às próprias coisas.
Assim, a flor, enquanto tal, isto é, enquanto imagem sensível de algo que nós identificamos coma palavra flor, “nasce” em mim a partir do sentido que eu lhe dou, sentido esse que lhe é conferido a partir do que ela me mostra e de como se me mostra.
No seu processo de existência vital nas sucessivas fases do germinar, brotar, crescer, florir, dar fruto, definhar e fenecer, a flor em todas elas está no seu intacto "tal-qual-ismo" pleno: está tal qual é.
Nisto é que dela é dito que nem Salomão se vestiu como qualquer uma delas, visto que o sábio rei se revestiu de algo que lhe era extrínseco, ao passo que a flor está nua de tudo, revestida apenas de si.
Ela não tem interioridade como nós. Ela é apenas o que se mostra e como se mostra, o que apresenta e como se apresenta, como se mostra e apresenta: o que poderá ser aqui ou ali "deficitário" é tão-só a nossa balança de "cognição", que sempre pende entre saber e ignorar, saber no ignorar, ignorar no mesmo saber, e as mais variantes desse "jogo" de reciprocidade.
A flor,essa, não se esconde, não se oculta: ela revela, se bem que, como tudo na natureza, nisso mesmo se re-vela.
(Talvez “filosofada” a mais, e elucidação a menos… Que lhe parece?)
Parece muito bem, mas a flor parece melhor.
caro Lapdrey tem 1 visão dicotómica da realidade, você não vale mais que a flor, só porque pensa!
Sabe, caro Anónimo (vale para todos eles, menos para um), eu adoro ser dicotómico, e unitómico também.
Tem dias... (e noites também...)
Para tricotómico (não tem nada a ver com tricot, ok?) estou a treinar afanosamente: isto, se aqui a "sociedade anónima" me der uma bela ajuda... como é costume.)
Não se percam em discussões fúteis. Sigam a pista: as três gotas de sangue sobre a neve alva e pura, a poesia que em chamas crepita no coração do gelo, a vida que vem no galope da morte.
Não esqueçam: as três gotas de sangue na mais pura e alva neve!...
Cara Miledh,
Seja a neve de que cor for, sempre o sangue será da mesma tintura: humana.
Seja a alvura a da neve ou da alma, sempre o sangue será da mesma tintura: desumana.
Seja três as gotas, ou mais ou menos do que tantas, sempre o sangue será da mesma tintura: inumana.
Seja quem tal vê tinto ou alvo na alma, no tom alvorado da alba ou no tinturado esbranquecer do lusco-fusco, sempre a tintura será pista para o que não deixa rasto algum.
Sigamos, pois, os indícios do trilho, mas não deixemos que eles nos detenham nem prendam.
“Discutir”, cara Miledh, é apenas não adormecer no caminho, para se poder detectar as três gotas.
(Demais, tudo é poético, mas nem tudo é poesia!)
Obrigado.
Tudo é poesia, em espírito pacificado!
não responde Lapdrey?
2-1
anonimo-Lapdrey
Enviar um comentário