domingo, 9 de março de 2008
Canção de Lisboa (na Hora última)
Canto o sol a morrer nos telhados de Lisboa
a serpente a ondular sob as colinas que pisamos
o Tejo que corre para o fim de tudo
a saudade de onde jamais regressamos
o A-deus que há nisto tudo
o longínquo apelo do mar
o delírio em que me transmudo
na fúria de a tudo abraçar
o infinito crepúsculo que a todos irmana
a hora última que em tudo soa
o fado dançado, cantado e liberto
da multidão que nos povoa
o derradeiro arrebatamento das coisas tristes
o fulvo hálito do mais nocturno alento
o bem-aventurado andar de si perdido
de tudo o que vive do vento
este turbilhão que a tudo subleva
esta vertigem maior que o ser
este canto que a tudo desperte
no sempiterno hausto de Renascer !
Miradouro da Graça-Penha de França, em Lisboa, capital da Terra das Serpentes, do Mundo e do Nada (3.11.2007 – 9.3.2008)
a serpente a ondular sob as colinas que pisamos
o Tejo que corre para o fim de tudo
a saudade de onde jamais regressamos
o A-deus que há nisto tudo
o longínquo apelo do mar
o delírio em que me transmudo
na fúria de a tudo abraçar
o infinito crepúsculo que a todos irmana
a hora última que em tudo soa
o fado dançado, cantado e liberto
da multidão que nos povoa
o derradeiro arrebatamento das coisas tristes
o fulvo hálito do mais nocturno alento
o bem-aventurado andar de si perdido
de tudo o que vive do vento
este turbilhão que a tudo subleva
esta vertigem maior que o ser
este canto que a tudo desperte
no sempiterno hausto de Renascer !
Miradouro da Graça-Penha de França, em Lisboa, capital da Terra das Serpentes, do Mundo e do Nada (3.11.2007 – 9.3.2008)
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5 comentários:
Desperto em sonho
A chamarem-nos, os sonhos,
Saúdam-nos, de longe
Têm asas nos pés
E loiros, os cabelos,
Deixam crescer o espaço
À roda deles.
São os anjos doirados
Dos meus dias, os sonhos.
Trazem sandálias nos seus pés rosados
E a relva cresce, por onde andam
Acompanham-me sempre
Para onde vou
E onde fico,
Eles poisam a sua cabeça.
Adormeço com eles
Quando me doem as horas
E a noite é uma almofada triste
Creio neles porque são verdade.
Sinto os seus deditos nos meus dedos
A tocarem sons de liras e palavras,
Palavras que brilham na noite
Como lantejoulas
No infinito colorido dos meus sentidos.
Renascer!
Da sombra surgir
qa luz una
que há-de cumprir
o círculo perfeito,
Da esfera do império
matéria mais sutil.
Um abraço, Paulo Borges
E os anjos vivos que te chamam da Terra, obscuro? Nao sao dignos que reconhecas que tambem te indicam o caminho do ceu?
Nao e a materia bruta do mundo material a materia prima de onde surge a materia mais subtil?
Se olharmos para o alto sem antes realmente apreciar o que nos rodeia acabamos por nos destruir a nos mesmos, acabamos por nos detestar pelo simples facto que somos humanos.
Querido obscuro, nao notas como o Transcendente se revela no claro/obscuro da vida diaria?
Que viver nao seja o eterno tormento de nao sermos tudo.
Que amar nao seja apenas tanger a lira em honra de criaturas etereas que vivem dentro no nosso pensamento.
"O fado nao me faz arrepender."
Querida Ana Mrgarida,
Não sei se compreendi as tuas preocupações comigo. Não as tenhas.
Sou tão real que até me dói a cabeça. Vivo a vida com alegria e danço ridiculamente perante uma multidão de ruidosos estudantes...
Claro que amo a vida e tudo o que existe... É isso que me faz cantar e ser com os outros, intensamente.
Não sou um isolado, a escrita não é sublimação é «a minha maneira de estar sozinho», de pensar com as palavras. Embora as obrigações sociais e o mundanismo me aborreçam cada vez mais e me desviem do que realmente gosto de fazer: ler, pensar, escrever... e contemplar... Sou absolutamente humano.
resta-me agradecer...
Dorme bem, princesa...
O poema é lindo Paulo Borges.
A saudade triste...
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