O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


terça-feira, 22 de junho de 2010

Qual é a grande ilusão que vamos alimentar hoje?

5 comentários:

Nuno Maltez disse...

É verdade.

Anaedera disse...

E porque é que quer alimentar ilusões? Porque é que nos convida a isso?

Nuno Maltez disse...

Estamos (quase) sempre a alimentar ilusões.

platero disse...

(do Conto de Saramago - Coisas - do livro Objecto Quase)
:

"- posso ver o sofá?
o enfermeiro abriu uma porta translúcida:
-está ali
o sofá era comprido, de quatro lugares, já com sinais de uso, mas em bom estado geral.
-quer experimentar? - perguntou o enfermeiro
o funcionário sentou-se
-então?
- é muito desagradável de facto. Vale a pena o tratamento?
-estou a aplicar injecções de hora a hora. Por enquanto não noto diferença. E está na altura de outra injecção.
preparou a seringa, aspirou para dentro dela o conteúdo de uma grande ampola e espetou rapidamente a agulha no sofá.
- e se não ficar bom? - perguntou o funcionário
............................................................................................"

as pessoas sérias, concretas, pão-pão-queijo-queijo, honestas, esclarecidas, líderes políticos - o mínimo que condenam no autor é o não saber escrever

de facto, nem todo o leitor estará na disposição de aceitar que um sofá tenha febre, e seja necessário recorrer a uma equipa médica para tentar devolver-lhe
a saúde original.

mas só quem pensa o absurdo tem legitimidade para tentar mudar o mundo. E alguns, poucos, políticos de tamanho mundial já se aperceberam disso. Acham é que ainda não é oportuno desencadear o golpe.

" noutras ocasiões, e foi também o que o médico disse, seria um caso de febre.
- bem, não é inédito. Há dois anos soube de um caso igual. Um amigo meu teve de devolver à Fábrica um sobretudo quase novo. Era impossível aguentá-lo vestido.........................................."

boa tarde para quem teve a paciência de nos ler

Kunzang Dorje disse...

a certeza de que daqui a uma hora estamos vivos é uma ilusão... ó Flávio, arranja-me mas é uma garrafa de wisky barato e que se lixem as Irenes!
amén