Os cães de fila do Senhor
ainda uivam
sempre que alguém voa
acima da fé cega
e do amor à dor e ao sacrifício
o Santo Ofício que nunca foi santo
hoje tem blogues e jornais online
já não quebra ossos
nem rompe maxilares
para abrir os impenitentes
à verdade da confissão
para os que andam de pé
a fé é mais que moralismo inclemente
é poder ver sem barreiras
a grandeza dos humanos
para lá das fronteiras
e dos vários enganos com que se impede a vida
de ser perfeita
não precisa de absolvição
quem se recusa servir a Deus
com tanta criança a morrer de fome
quanto vale um cálice de ouro
trocado por leite e pão?
Quantos brocados e barretes doirados
poderiam ser trocados por vacinas
e preservativos?
Que a terra seja cada vez mais de homens e mulheres inteiros
uma terra de compaixão e de respeito por todos os que vivem
uma terra resgatada de prantos
aberta ao futuro
semeada de esperança
__________
P.S.: De cavaquices não falo no poema, porque mesmo em poesia pequena não cabe a imbecilidade.
3 comentários:
Muito bom
abraço, Paulo
Levantam-se do chão da mensagem as perguntas-folhas implacáveis que cada vez mais se afastam da continuada e impotente vontade que se esconde de uma árvore em cada resposta; visar a solução que sustente um equilíbrio que finde de vez com a infâmia da desigualdade é, por sinal, alcançar um ramo, dirigir a agulha magnética para um estado de criação e daí ver nascer a flor do fruto que todo-o-bem presentifica.
Abraços!
:)
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