O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quarta-feira, 23 de junho de 2010

TEMPO

parado o pêndulo
de tão certo
regular

seu surdo
movimento

5 comentários:

Anaedera disse...

O silêncio revela a melodia das coisas.

rmf disse...

Parado pêndulo que me põe a pensar.

platero disse...

Anaedera - talvez como nós: giramos à velocidade de uma volta em cada 24 horas, e não damos por isso.
os sábios falam da música do rolar das esferas

Rui - mais do que quando são claras as palavras valem pela sua capacidade de nos fazer pensar

abraço

rmf disse...

Esta tua descrição de Tempo é espectacular, Platero.

Mágica síntese.
Entendo-a como um poema, tal qual aquele poema que muitos poetas procuram uma vida inteira, e que de súbito, como agora ao lê-lo, ele aparece.

Gostei muito amigo.

Abraço fraterno, Platero.
.
.

ps- gostava de ter escrito este Tempo.

Nuno Maltez disse...

muito bonito. espectacular.