O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Amor é um fogo que arde sem se ver

Amor é um fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É um não contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É um estar-se preso por vontade;
É servir a quem vence o vencedor;
É um ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode o seu favor
Nos mortais corações conformidade,
Sendo a si tão contraditório o mesmo Amor?

Luiz Vaz de Camões

Saudações a todos os amantes... Que as contradições do amor sejam sublimadas pela consomação amorosa... E que o calor ardente gerado desfaça os vossos corpos em nada...

22 comentários:

Luiz Pires dos Reys disse...

Ai que susto eu apanhei, ao ver por aqui um soneto. Pensei que era outro o vate.
Ah, mas este não conheço: quem é?
É de Coimbra também?
Mais um?
Vêm em autocarros para Lisboa?

Cá me parece que haverá por aqui quem ache isto muito disparatadamente repetitivo: com tanto É, É, É...
Que coisa sem jeito!

"A ver vamos".


P.S.
Grato pelo acender do forno, Kunzang Dorje.

Hum? Snif, snif!
Acho que é mas é melhor eu ir ver como está o lume, pois o "calor ardente gerado" pode, sei lá, desfazer-me em torresmos de nonada.

(Obrigado a Paulo Borges, por restituir a justa dignidade pensante a esta palavra hoje tão esquecida)

João de Castro Nunes disse...

Voltei atrás só para te dizer, cabotino, que primas pela... ordinarice! Não passas de um intelectualóide a descambar para o marreco. Endireita-te, homenzinho! Põe-te na vertical. És tão asqueroso que, só para desfazer em mim, não tens pejo em questionar o valor genial Camões! Fedes! E de que maneira! Lava-te com sabão-macaco misturado com lexívia! Olha que,se for preciso... volto, até te reduzia a esterco!,o que pouco falta! JCN

Luiz Pires dos Reys disse...

Bela careca que se lhe vê, senhor professor!
Gostei!!

Andou "isto" a ensinar gerações de futuros homens. Ou terá sido de homens futuros, que nunca chegaram a sê-lo?

Olhe, é melhor apressar-se, senhor doutor, que ainda perde a última "camineta" para Coimbra.

Vota lá, não é? Então bote-se por lá. E, em lá estando, aproveite e por lá fique.

Ficamos todos mais bem distribuídos. E sempre Coimbra não perde, para um simples blog, uma das suas maiores glórias.

O desprazer foi todo meu.
Da mais carroceira prosa que por aqui passou, tem a sua assinatura, senhor doutor.
Bote no currículo.
Os seus ínclitos pares vão ter um chilique, mas o que há-de fazer-se?

Até.

João de Castro Nunes disse...

Vossemecê está a quebrar! Vê-se que lhe está a faltar o fôlego! Anime-se, homem! E não se assuste com o novo soneto, de inspiração camoneana, que a seguir transcrevo, tentando superar o insuperável, modéstia à parte:

GOSTOSA DOR

Um fogo interior, vivo e ardente,
chamado amor, que abrasa mas não dói,
um fogo que queimando não destrói,
tem-me feito sofrer gostosamente.

Camoneanamente me expressando,
apraz-me registar o contra-senso
que em mim também se dá, segundo penso,
de sofrendo por ti... estar gostando.

Por isso, meu amor, não faças caso
de ser a minha dor tanto maior
quanto maior o amor em que me abraso.

Se sofrer por amor nunca é demais,
deixa-me então sofrer cada vez mais,
convertendo em prazer a minha dor!

JOÃO DE CASTRO NUNES

João de Castro Nunes disse...

E já agora, senhor despeitado DAMIEN, grame mais este:

FERAS À SOLTA!

(Sem destinatário; a quem servir)

Ainda que de boca amordaçada
a minha voz há-de fazer-se ouvir
sem nada haver que a cale, sem que nada
me impeça alguma vez de me exprimir!

Não é qualquer letrado cabotino,
por muito catedrático que seja,
que me encosta à parede por cretino
a vitória lhe dando de bandeja!

Atem-me embora as mãos, fechem-me a boca,
em vão conseguirão silenciar-me,
pois sempre lhes darei resposta em troca!

Só não suporto que, de mãos atadas,
tirem partido... para desancar-me
como é próprio das bestas despeitads!

JoÃO DE CASTRO NUNES

Coimbra, 25 de

João de Castro Nunes disse...

Foi mais uma pequena demonstração da "minha arma secreta"... sempre pronta a disparar em linha recta! JCN

Luiz Pires dos Reys disse...

Arma secreta? ahaha! Veja lá se isso dispara, homem?

Este é do Barbosa? Do du Bocage, não é, senhor professor?
Olhe que parece mesmo. Só pode. Com este mau génio...

Se bem que... pensando melhor... na rara e fina qualidade de manter-se nobreza ainda que com verve, é que não me parece. Pois não. Então não pode ser do Bocage.

Deve ser é daquele outro senhor da stand-up comedy, perdão, da stand-up poetry: soneto a metro, sabe?

Gostei, como o meu amigo bem disse, da "pequena demonstração".
Foi uma bela sessão de tupperware poético!
Muito agradecido!


P.S.
Ah, e escusava de ter-se maçado a voltar para trás. Quanta gentileza! Anotei.

A gente chegava lá, na mesma.
Mais depressa, é claro. Mas sempre o meu amigo fica com a impressão de que é útil para alguma coisa: o que é bom - para o meu amigo, claro.

Ah, e outra coisa.
Estive a tentar ver se me servia (aquilo do "Sem destinatário; a quem servir", sabe?), mas não me servia.
A rima ficava-me curta, e a beiça descaída fazia-me tropeçar nas quadras.

Mas, olhe, agora a propósito.
Ó senhor doutor, não percebi aquela do "meu amor"! Essa era para quem?
Mau, senhor professor! Olhe que aqui é tudo gente séria! Então?
Nada de "pornoíscuidade" poética, ora essa!

Até amanhã!
Se não for nunca!

Anónimo disse...

Damien, fazes-me rir:)
JCN, não leve a vida tão a sério... Sabemos lá o que vai acontecer daqui a cinco minutos, não é?

Abraço aos dois:)

João de Castro Nunes disse...

Enquanto fores um porco... voltarei sempre para trás! Ter-me-ás sempre... à perna, até te reduzir a esterco, como já te adverti! Aliás, já pouco falta! Espera-te a pocilga! JCN

João de Castro Nunes disse...

Para Bocage... chegas tu, com o teu "Vim daqui e vou para aqui"!
Onde ficará essa pocilga?!... JCN

João de Castro Nunes disse...

Ninguém está livre... de tropeçar com um Damião na vida! Há horas de azar! JCN

João de Castro Nunes disse...

Como comenta, e muito certdamente, o senhor KUNZANG, o mais que consegues... é fazer rir: és o bobo da pandilha! A mim, nem isso, porque de bobos... nunca gostei, ao contrário dos meus avoengos, que deliravam. A mim... só me provocas vómitos! E, algumas vezes, diarreia. PATIENTIA! como dizia o imperador Adriano, no crepúsculo da vida, a dois passos da sua apoteose na comunhão dos divos! Por hoje... chega, que é véspera de eleições. Em quem vai votar... vossemecê, se não é indiscrição?!... JCN

Luiz Pires dos Reys disse...

Belo almanaque de vómitos verbais, aqui, senhor doutor.

Vamos fazer assim, meu incaro senhor.
O senhor continua com os vómitos e as diarreias, até que (quem sabe?) se ache como Adriano, na noite da vida. Quiçá, com o fechar dos dias, alguma luz logre entrar finalmente nesse azedume. Ali lembrará o porquê.

Desse passar "daqui para aqui" falam certos escritos (tibetanos e egípcios, por ex.) que talvez mau não fosse ler, ou reler, enquanto haja olhos de ler e de ser-se delido.

As indiscrições, deixe-as para as suas avoengas.
Esclareço, entretanto, o evidente para todos, (menos para...):
Por certo nunca gostou de bobos - concedo de barato - posto comprazer-se em vestir-lhe a pele, ainda que ignorando-o.

Triste sina de querer tê-la, sem sabê-lo: zombie de ser-se.

João de Castro Nunes disse...

Vossemecê, com essa dos egípcios e dos tibetanos... deixou-me à nora! Será que é lá que vossemecê vem e para lá quer voltar "na noite da vida"?!... Não lhe gabo os gostos, pobre diabo! Não se afunde na voragem dos tempos e no pó das múmias! Respire... fora das pirâmides, onde o ar é cavernosamente letal. Ou será que isto não passe de um dos seus trejeitos de bobo, para o senhor KUNZANG se divertir... à gargalhada?!... Que salutar é o riso... quando por uma boa razão, que esta não é, por demasiado soturna e cavilosamente egípcio-tibetana. Em guarda, faraós e dalai.lamas, que está para chegar o bobo da pandilha! JCN

João de Castro Nunes disse...

Esclareça lá isso, senhor DAMIEN: "quero tê-la" ou já a tenho!.. Será que estas coisas se pegam? Cruzes... canhoto! Te arrenego!. Momices ou mumuices?!...
Na melhor das hipóteses... ambas as coisas! JCN

João de Castro Nunes disse...

Com vossemecê, ó DAMIEN, divito-me à grande e à francesa! Dá para conpensar os achaques da idade, levando o resto da vida "cantando e rindo". Muito obrigado! Não desista, por favor. Volte com os seus compinchas egípcio-tibetanos... e quejandos ("vim para aqui e vou para aqui"). Caramba, esta é de deixar um pobre mortal... de olhos em bico, como acontece com os chineses... de comerem tanto arroz! JCN

João de Castro Nunes disse...

Em jeito de adenda:

Tenho-me esquecido de lhe perguntar se já o tal serrote... para lhe endireitarem a espinhela caída ou torta. Em caso negativo, dê-me um lamiré, que eu isso tenho em profusão... de andar a escarafunchar nas tumbas dos faraós e dos dalai-lamas. Recuando, vou até aos neandertais.
Estão ao seu dispor! JCN

João de Castro Nunes disse...

Repito a primeira frase, porque me escapou o predicado basilar:

Tenho-me esquecido de lhe perguntar se já arranjou o tal serrote... para, etc. JCN

Luiz Pires dos Reys disse...

Para que conste o que já é mais do que óbvio para todos aqui, menos para o dito (isso já foi deixado escrito e bem explícito): terminou a conversa com um tal de Coimbra!

Frustres da vida, azedumados da idade, pseudopersonagens de Molière e atrasados mentais em voluntariado não fazem parte dos que me aceitam por dialogante. Como é básico, diálogo faz-se com dois, e não com um e um outro apenas semimeio.

Pelo que me diz respeito, doravante a criatura será uma espécie de "Beco do Fala-Só": em gente, mas sobretudo em vivalma!

João de Castro Nunes disse...

Que outra saída podia ter vossemecê, sr. Damião, senão pela porta do cavalo, depois de arrimar dois coices contra o "tal de Coimbra", que o reduziu finalmente ao que vossemecê... é: ESTERCO!

JOÃO DE CASTRO NUNES

João de Castro Nunes disse...

Foste longe demais, menino! Em todo o caso é sem ressentimento que te vejo pelas costas, tendo presente que as tuas malcriadas zombarias tiveram o mérito de estimular a minha criatividade, que estava um pouco em baixo. Até mais... nunca ver! JCN

João de Castro Nunes disse...

Em todo o caso... fico atento, rondando o ninho da serpente. "Por si acaso", como gostam de dizer os castelhanos. Se de novo me aguilhoares... volto com a minha "arca secreta", que dispara em linha recta. Entendidos?!...

JOÃO DE CASTRO NUNES