O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

"Tenho vontade de vomitar, e de me vomitar a mim..." (Álvaro de Campos)

42 comentários:

Anónimo disse...

Entao vomita-te e para de chatear

Anónimo disse...

Compreendo!

Depois vomitar, é como a realização ou reconhecimento do infinito e espaçoso que somos. Basta um gesto, uma inversão do olhar, uma pausa ou uma abertura de mãos, um "estar aqui e agora", assim, sem mais... Neste caso, é só inclinar-se para a frente e deixar-se ir. Mas porque é que nem sempre se consegue? Estranho! Parece tão simples!

Luiz Pires dos Reys disse...

Este é o voto de Boas Festas, à Álvaro de Campos, alminhas!
(e quiçá também de alguns nihilistas e anarquistas, por aí tresmalhados ... ou esquecidos de si mesmos)
E, depois? Porque têm sempre as proeminentes anonimidades a triste e acanhada "tacanhês" de apenas verem ou quererem entender o sentido mais redundante das coisas?
O óbvio, meus caros, nem sempre é o que está mais à vista do entendimento.
(Ao alcance do olhar podem estar quase sempre os óculos, mas por vezes não estão os olhos.)
Aliás, amiúde só raros topam o óbvio: os restantes estão, muito presumivelmente, com a "obviedade" tão embutida na graçola ou outra pequena miudeza, mais armada em grande coisa do que em qualquer outra coisa.
Deixem o Álvaro descansar, meninos, ok?
Ao menos nas férias natalícias do senhor... Entendidos? Agradecido.

(Quanto a Ana Margarida Esteves, vejam se entendem, crianças, duma ou duas vezes por todas: quando uma senhora diz algo que nos parece "surpreendente" no pior sentido, é melhor pensarmos que é porque não estamos a "atingir" a coisa, ou porque não estamos "lá", onde devemos entender a coisa.
Evitam assim fazer figuras que fazem figura de nada.
E porque, em vez disso, se não voltam para os Dantas que por aí há aos molhinhos, hã?
Estão mais ao vosso alcance, e têm cá um piadão! Make a try!)

Paulo Borges disse...

"Seja na sua negação como na sua afirmação, ambas formas de auto-gratificação e busca de satisfação, o ser passa pela “vergonha” da sua “nudez”, a “vergonha” de não poder encobrir o que desejaria: precisamente “o facto de estar preso a si mesmo, a impossibilidade radical de se fugir para se esconder de si-mesmo, a presença irremissível do eu a si-mesmo”. “O ser é no seu fundo um peso para si mesmo”, sustenta Lévinas, a partir da análise do caso em que a “natureza do mal-estar aparece em toda a sua pureza”: “a náusea”. Na “náusea”, esse estado “que precede o vómito”, estamos completamente encarcerados em nós mesmos e somos “revolvidos do interior”, “o fundo de nós-mesmos sufoca sob nós-mesmos”, “temos «mal au coeur»”. “Esta presença revoltante de nós-mesmos a nós-mesmos” não é o confronto com um “obstáculo”, que é sempre “exterior”. “A náusea […] adere a nós” e, no próprio “esforço […] desesperado” de dela sair, que é toda a sua “angústia”, experimenta-se simultaneamente a “impossibilidade de ser o que se é” e o “estar preso a si-mesmo, contido num círculo estreito que sufoca”. É esta a “própria experiência do ser puro”, que desde o início está em causa. O “não-há-mais-nada-a-fazer” da náusea “é a marca de uma situação-limite onde a inutilidade de toda a acção é precisamente a indicação do instante supremo em que não há outra hipótese senão sair. A experiência do ser puro é ao mesmo tempo a experiência do seu antagonismo interno e da evasão que se impõe”. O ser puro afirma-se como náusea, auto-referência saturada e absoluta, gravitando em torno de si mesma, fechada e sem abertura para o que quer que seja de outro. Insustentável presença de si a si, feita da sua mesma “impotência” perante si, a mesma “impotência” para de si sair. Mas que subitamente se volve, no auge disso, em pulsão evasiva. Dir-se-ia – numa linguagem indelicadamente escatológica - que o ser, auto-constrangido “nos marcos de laços enormes”, auto-encerrado em si, como no discurso parmenidiano da escravidão ontológica, veria a “poderosa Necessidade” da sua auto-retenção converter-se no vómito suspenso de um auto-esvaziamento ou auto-evacuação libertadores?
- "Além do Ser" [estudo sobre a primeira obra de Emmanuel Lévinas, "De l'Évasion", 1935].

Anónimo disse...

Felizmente que há alguém neste blogue que assume sofrer, estar mal consigo e o mundo e não passa a vida a esconder-se por detrás de ceuzinhos, poeminhas, anjinhos, sereiazinhas e saudades do futuro ou do quer que seja!

E infelizmente que o Lapdrey é um opinativo moralista.

Luiz Pires dos Reys disse...

Caro Z., ao lamentavelmente opinar que Lapdrey "é infelizmente um opinativo moralista" você está, já nisso e por isso mesmo, a delimitar uma periferia moral, ainda que (ao afirmá-lo) queira talvez (não)delimitar uma não-moral, ou uma a-moral.
Não há volta a dar: não há como fugir-lhe, meu caro - pela palavra e pelo pensamento ...
Daí que, entre outras coisas, Paulo Borges tenha referido, e muito bem, aquela "pulsão evasiva" que (só ela) pode "converter-se no vómito suspenso de um auto-esvaziamento ou auto-evacuação libertadores".

Luiz Pires dos Reys disse...

Adenda:
A propósito, meu caro Z., falando assim um tanto acremente (à Álvaro de Campo, sabe?), mas mantendo-me obviamente dentro do estrito regimento da hodierna "civilidade" democrática "parla-mentar" (sabe também?), permita-me a coçante dúvida "natalícia": um Z (não o seu, claro, falo em abstracto, entenda-se!) pode ser de "zarolhice" mentalícia ou será antes apenas de alguma mais chã (a)zelheira no tentame de, algo gracejantemente, alguém "filosofar" à custa de outro alguém?

Boas Festas, na mesma! Jingle Bell!
Entretanto, demos aqui um: "Memória eterna ao (auto-)vomitante do Álvaro de Campos!"

Anónimo disse...

Sou tudo isso e mais o que quiser! Que lhe nasça dentro o que todos comemoram fora.

Anónimo disse...

Ah, não me tirem esta necessidade neurótica de ser o centro das atenções, de procurar obsessivamente que reparem em mim...
Ups, este escorregou! Nem no centro sou visível... e vai ao chão, e vai, e vai... está quase... caiu!

Luiz Pires dos Reys disse...

O que não é resposta, Z., tem em si mesmo a resposta: uma não-resposta!
"Agrute-se" com o menino, nas manjedouras palhinhas, mas olhe que picam o ser-se homem e, demais, faz frio lá fora e, por certo, dentro de quem o tenha... e muitos têm.
Agasalhemos o escondermos de nós mesmos a indefinida "culpa" de não sermos verdadeiros filhos de homem humano...
Humano, demasiado humano é ainda excessivamente pouco, para o muito que o inumano sem nome nos segreda neste nosso degredo consentido ...
Agora, vou vomitar de todas a maneiras... Quer vir também?
Abraço cordial.

Anónimo disse...

Que somos senão um vómito, primeiro do infinito e depois do ventre da mãe!?...

Anónimo disse...

Lapdrey, não fiques inundado neste vómito em massa.
Paulo Borges ainda bem que também interviu de forma inteligente, embora Lapdrey tenha uma elasticidade do pensar fenomenal
Um bem-haja às criaturas aladas que o acompanham!

Anónimo disse...

Caro Z.

Não é meu hábito, ou muito raramente é meu uso responder directamente a quem indirectamente se me refere em outros comentários. Ainda por cima em espaço de post "alheio" (muito embora de amiga se trate - está á ver como os doces e os azedos conseguem conviver?). Creio que nunca o fiz. Há sempre uma primeira vez. Aqui vai: você não sabe o que diz, quanto mais arvorar-se em "adivinho" de almas ou do sofrimento delas. E se prefere sabor amargo a doce, ou se não brincou às escondidas o suficiente em menino, ainda está muito a tempo. Mas não venha aqui deixar uma marca de Z....,atestando a sua inoportuna impertinência.

Bom Natal também para si. E o que é uma felicidade grande, pode escolher a ementa. Mas não elogie os salgados, só para dizer que os doces não estão ao seu gosto, ou vice-versa.

Bem-haja quem bem precisa.

Anónimo disse...

Uauuuuuuuu isto tá mesmo a azedar!
tantos vómitos... dá nisto! Uns brincam, outros ficam chateados. Uns é só mel outros é só fel! Mas ainda bem, olha se gostássemos todos da mesma coisa... este deve ser o blogue mais louco e divertido que há por aqui e arredores. Até aqueles senhores do parlamento se divertiam nesta casinha! Nem sabem o que estão a perder... coitaditos!

Anónimo disse...

Vês, Ana, chegas aqui indisposta, nauseada e a vomitar... olha as consequências: pões toda a gente à tareia.
'Ai que gozo isto me dá', não é? Confessa lá!

Anónimo disse...

acho q o pessoal está a precisar de férias... que dizem? eu já estou! de blogs e filosofia de ponta. agora só penso nos meus cães, que voltam a comer o que vomitam. enfim, natureza. está-se, é-se e não há volta a dar.

Anónimo disse...

Até as saudades do futuro azedaram!... Sinal de que não têm muito futuro. A capacidade de auto-ironia é para muito raros.

Anónimo disse...

OM VAJRA SATTVA HUNG

Anónimo disse...

Já só faltavam mantras tibetanos para esta perfeita Festa de Loucos... Este é para purificar...

Anónimo disse...

Se não páram com os comentários ou se não páro de os ler, vomito-me de tanto riso.
Que me desculpem, mas acho que é mesmo do antibiótico ou do zarope, Upps! xarope, charope? varope. Oh my God!

Vou parar de rir...vou parar de rir... vou parar de rir...

Anónimo disse...

Afinal alguém sabe o que quer dizer "vomitar"?

Anónimo disse...

Emese, vômito (português brasileiro) ou vómito (português europeu) é a expulsão ativa do conteúdo gástrico pela boca. O vômito é ao mesmo tempo um sinal e um sintoma bastante desagradável que pode assustar muito a pessoa atingida. Pode ocorrer nas doenças do labirinto, nas intoxicações, nas obstruções intestinais e como resposta do organismo a dores muito intensas.

http://pt.wikipedia.org/wiki/V%C3%B4mito

Anónimo disse...

LENDA URBANA (Marylin Manson)

JAH TOMARAM O MEU VOMITO NUMA FESTA PENSANDO QUE FOSSE CUBA.

gamesbrasil.uol.com.br/forum/archive/index.php/t-31034.html - 12k -

Anónimo disse...

isto e aquilo
mas o que é um VÓMITO FILOSÓFICO?

Anónimo disse...

e porque é que quando se quer vomitar se diz "VAMOS CHAMAR O GREGO"?

Anónimo disse...

estará assim o vómito relacionado com o pensamento grego?com a filosofia?...

Anónimo disse...

um vómito filosófico é sentir um espinho na garganta volteando-se em catadupa de convulsões da agonia extrema de querer sair e sai mesmo!

Anónimo disse...

Um vómito que se vomita é um vómito que faz mal à tripa!

Anónimo disse...

Espelho a dor de um vómito macerado a teus vomitado!

Anónimo disse...

Hoje senhor doutor, é a trigesima vomitadela...
Vou pra casa e acredito, fotografo o arco-íris,
bebo um sumo de bílis,e se vomitar, VOMITO!!

Anónimo disse...

Anónimo, ora deixem lá ver - anonmo 7,na minha terra é mais chamar o HUGO!!!!
tão a ver HHHUUUUUUUGO! (é pa rir!!! ahahah!!

Anónimo disse...

Chamar pelo Grego!? Conheço é "chamar pelo Gregório", o que creio ser uma onomatopeia. Será?

Anónimo disse...

...A propósito do vomito, quem não conhece aquela do Gato...(peçonhento?). Não sei, não me recordo... era um ser que "gomitava munhanhos(?) de cabelo". Aquilo às tantas não se percebe bem, mas repete-se...Nunca experimentei, mas não deve ser fácil. Acho que é preciso treino...

Anónimo disse...

fotografar o arco-íris dá vontade de vomitar, pk??

Anónimo disse...

Ó querida (se não fores querida, és querido, tanto faz!), lê outra vez o que aquele gajo escreveu...
Então não é o sumo de bílis que o faz vomitar? O Arco-Íris é o que tu vês quando estás a vomitar, ou estrelas, ou seja lá o que for... o Nirvana! Sei lá o quê...

Anónimo disse...

íris... bílis é pra rimar, vocês não percebem nada de poesia pá?

Luiz Pires dos Reys disse...

Valha-me Santo Ambrósio!
Isto aqui parece uma sociedade "anónima".
Credo! Vade retro, plurimus anonymus!
Apre! Que pandemia!

Anónimo disse...

e como estamos em época festiva, não vomitem as tripas mas tão somente...love!

Anónimo disse...

Bela consoada de vomitanço que vai ser hoje!

Luiz Pires dos Reys disse...

Ana Margarida, ao ritmo a que isto vai, é muito bem provável que a minha amiga ainda entre para o Guiness em número de comentários em emplumanço blóguico serpentino.

Ainda não fiz aqui a computação para apurar (sem método de Hondt, claro!) a classificação do Festival de Nacional-Comentismo, mas...

Bem, depois tem é de dividir isso com o Engº Alvaro de Campos, claro... (ou talvez ele não se importe, e prescinda dos direitos...)

A ver vamos.

Anónimo disse...

Caro Laprey, parece usar mto a cabeça e pouco o coração.Atenue o mau-humor, deixe um pouco a internet e conviva na noite de Natal.Quem sabe apanhe uma piela, vomite e renasça então, com os neurónios mais bem-dispostos para a Serpente.

Luiz Pires dos Reys disse...

Mas que rica ideia, Anónimo meu preferido(a?)!
Como é que não me ocorreu isso?
Mas, sabe, a minha matusalémica idade já não me permite tais desregras, ainda que com derrapagem controlada: só no corrimão de casa (que o não tem).

Sabe o que pedi no "sapatinho"? Que me fosse possível trocar a caixinha do spaghetti cinzento pela gaiolinha das palpitações, e vice-versa.
Como sei que o Pai Natal está um tanto afectado pela crise mundial (até emagreceu o pobre senhor...), pedi aos camaradões dos Reis Magos, que são ali das bandas do Golfo Pérsico (acho que do Dubai!): a coisa, como sabe, por aquelas bandas está sempre mais, como dizer ... hip hip (Zillions) hurrah!
Vamos lá ver o que isto dá.
Conto, é claro, com as suas preces muito ardentemente serpentinas.
O emplumado agora não é preciso: fica para a passagem de ano...
Abracinhos!