O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


domingo, 28 de dezembro de 2008

Resposta a Cioran

A que se reduz a falta de auto-estima senão à narcísica incapacidade de se aceitar plenamente como humano e viver-se como tal, condição fundamental para então partir em direcção a uma verdadeira transcendência e não a escravidões espirituais que se fazem passar como tal?

5 comentários:

Anónimo disse...

Parece que considera óbvio o que é ser-se humano... Explique então o que é ser humano, por favor.

Ana Margarida Esteves disse...

Olhe para si mesmo.

Luiz Pires dos Reys disse...

Ana Margarida,

Bom contributo ao debate.
Importa entretanto, parece-me, destrinçarmos desde já, clara e distintamente (como diria Monsieur Des Cartes), entre "ter-se auto-estima", "ter-se em grande estima" e "estimar-se grande".
E, por outro lado, atacar igualmente periferias de sentido tais como "amor próprio" (nos sentidos lato, restrito e próprio) e "jactância".
Ponderemos então.

Até porque está em "irritante" moda isso de considerar-se a auto-estima condição sine qua non para o ser-se "pessoa de sucesso": coisa que, em sentido próprio, quer apenas dizer pessoa a quem acontecem coisas que a tornam um acontecimento.
É um bocado "pescadinha de rabo na boca" demais para o meu gosto.
Não chega à pegada de uns belos paradoxo ou trocadilho...

Vamos lá puxar pela massa...

Anónimo disse...

Não consigo olhar para uma coisa que não vejo.

Luiz Pires dos Reys disse...

Caro Garcia,
Se é preciso ter olhos para as coisas, mais preciso é ter um olhar único para cada uma.